O árbitro mais corrupto da história do desporto português
(António Garrido em entrevista)
O ex-árbitro, considerado o melhor árbitro português de todos os tempos, conta as aventuras de uma carreira ímpar. Confessa que a principal mágoa foi ter falhado por um triz a final de um Campeonato do Mundo, ao mesmo tempo que revela que esteve para abandonar a arbitragem, quando lhe incendiaram o carro em Guimarães no quente ano de 1975.
Mas acabou por ir lá parar...
Fui dirigente do Marinhense durante vários anos e tinha um amigo que era o presidente da Associação de Futebol de Leiria, o saudoso Vieira Ascenso, que me convenceu a frequentar o curso. Continuei a não querer ser árbitro e estive um ano sem pegar no apito. Até que um dia fui experimentar - a fiscal-de-linha - e gostei. Comecei a sentir um carinho muito grande pela arbitragem e vi que se chegasse ao topo podia aproveitar para fazer aquilo que mais sonhava: viajar. Assim foi.
Como é que um árbitro reage quando tem a noção que errou?
Na minha carreira houve penalties que marquei quase sem ter visto. E outros que não marquei e que foram. Há aquele momento exacto, aquela fracção de segundo e o apito sai ou não sai. Se não sai, já não há nada a fazer. Mas se apitamos e ficamos a pensar que se calhar não foi, é seguir o jogo e nada de entrar na lei das compensações. Isso é o pior que pode acontecer a um árbitro. Pressentir que errou e depois procurar emendar o erro com outros erros.
Há algum momento na carreira que tenha sido particularmente difícil? Tive um único momento grave na minha carreira. Foi em Guimarães, numa partida entre o Vitória e o Boavista que decidia a presença de uma das equipas na Taça UEFA. No final do jogo, estava nos balneários, e deram-me conhecimento que me tinham incendiado o automóvel. Foi um momento difícil e deram-me inclusive o telefone para me despedir da família, porque aquilo estava efervescente. Estávamos em 1975, um momento muito conturbado, e acredito que foi mais por causa da época que se vivia do que do jogo em si que aconteceu aquilo.
Pensou deixar a arbitragem?
Pensei. Estive mesmo para abandonar, mas consegui resistir e pensar que se o fizesse seria um cobarde. Acreditei que se conseguisse ultrapassar aquilo é porque não havia limites para a minha carreira.
Alguma vez sentiu algum tipo de pressão para favorecer quem quer que fosse em todos aqueles anos de carreira?
Nunca senti pressão nenhuma, de clubes, dirigentes ou treinadores. Talvez por eu estar num patamar superior, que fazia com que as pessoas me encarassem como uma figura do jogo em si.
Qual era a sua principal característica?
Era um árbitro muito ambicioso. Se dirigia a final da Supertaça Europeia, a seguir tinha de arbitrar a final da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Se ia a um Europeu, tinha de ir a um Mundial. Se ia a um Mundial, então tinha de ir a um segundo e dirigir a final. Não tinha limites. E se tivesse apitado a final do Mundial, pensava que a seguir só na Lua...
Falhou por pouco essa final do Campeonato do Mundo...
É um dos grandes desgostos da minha carreira. Estava programado que iria fazer o jogo da final entre o Brasil e a Alemanha, só que com surpresa geral, a Itália eliminou o Brasil que era, de facto, a melhor equipa. Tive de ir fazer o jogo de atribuição dos terceiro e quarto lugares e quem foi arbitrar a final foi o brasileiro Arnaldo Silva Coelho.
Nesse jogo das meias-finais estava a torcer pelo Brasil?
Olhe, tenho um episódio muito engraçado para lhe contar. Estávamos os dois reservados para a final e para o jogo dos terceiro e quarto lugares. Vimos o jogo no quarto do hotel e enquanto eu pugnava pelo Brasil, ele pugnava pela Itália. No final fiquei bastante aborrecido e ele contente. É normal, um árbitro arbitrar a final de um Campeonato do Mundo é o máximo que se pode atingir na carreira.
Também se falou muito de uma atitude que teve na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus que dirigiu...
Especulou-se bastante. Toda a crítica foi unânime em considerar que fiz uma arbitragem impecável, mas quando o jogo terminou cerrei os punhos e fiz um gesto de contentamento. O gesto foi apreciado por um lado, por outro foi muito criticado, porque dizia-se que teria ficado muito contente por o Nottingham Forest ter ganho. Nada disso, aquilo foi apenas uma forma de descarregar os nervos. Tinha cumprido e estava naturalmente satisfeito.
Teve muitos problemas com jogadores?
Posso dizer que fui um privilegiado. À medida que a cotação de um árbitro sobe, um jogador também acaba por ter mais confiança no seu trabalho. Nunca fui de mostrar muitos cartões – nos últimos quatro anos da minha carreira não mostrei nenhum cartão vermelho – raramente mostrava amarelos porque dava prioridade ao diálogo. Hoje é mais difícil, por causa das televisões, mas eu tinha sempre um diálogo com os jogadores, procurava aconselhá-los e por isso os jogadores respeitavam-me. O jogador olhava para mim, não como um inimigo, mas como um amigo que conversava com ele. Quando um jogador se aproximava de mim, para protestar, dizia sempre: ‘falem comigo mas não me levantem os braços’. Houve um jogo, no Torneio da Corunha, em que expulsei o Cruijff. No dia seguinte foi ter comigo ao hotel para pedir-me desculpa. Tinham-me muito respeito.
Tratava os jogadores pelo nome?
Sempre. Sabia o nome de todos os jogadores, fossem das 1.ª, 2.ª ou 3.ª divisões. Sempre fui um estudioso dos jogadores, das suas características e isso dava confiança na relação.
Em Portugal também era respeitado como no exterior?
Sim. Fazia quase todos os jogos entre o Benfica e o FC Porto. Naquela altura os árbitros de Lisboa e do Porto não podiam dirigir essas partidas. Como era de Leiria tinha a facilidade de poder fazer esses encontros todos.
Do Sporting não dirigiu porque se declarou sportinguista...
Todas as pessoas têm uma predilecção por um clube. Podemos ser do Marinhense ou da União de Leiria, mas também de um a nível nacional e, nessa altura, ou se era do Sporting ou do Benfica. Tínhamos de dizer qual era o clube da nossa simpatia e eu disse que era do Sporting. Houve quem dissesse que era do Oriental... A Comissão de Árbitros não me nomeava para o Sporting e só por uma vez dirigi um FC Porto-Sporting, um jogo decisivo para o título, e as direcções dos dois clubes entenderam que eu era a pessoa indicada.
Ainda é o seu clube do coração?
Hoje, não. Vamos lá ver. Uma pessoa acaba por se sentir bem onde nos tratam bem. Não é que o Sporting ou o Benfica não me tratassem bem. Acompanhei os árbitros nos jogos desses clubes, mas também da União de Leiria e do Boavista, mas comecei a sentir-me acarinhado, principalmente quando terminei a carreira, pelo FC Porto. Acabei por ganhar uma simpatia pelo FC Porto e posso dizer que hoje sou portista.
Quais eram as suas funções enquanto colaborador do FC Porto? Há quem diga que teve tanta importância nos títulos conquistados como Pinto da Costa...
Nunca tive qualquer função. Passei a gostar do FC Porto devido ao carinho das pessoas, fiz uma ou outra palestra a nível dos jogadores, como fiz noutros clubes. Agora uma função, não. Passei a acompanhar o FC Porto e continuo a acompanhar os árbitros nas partidas internacionais do FC Porto porque sou nomeado pela UEFA através da Federação Portuguesa de Futebol. De resto, como já acompanhei os árbitros do Benfica e do Sporting.
Diz-se que a Marinha Grande é melhor madrasta do que mãe. Sente que o seu concelho o reconhece como merece?
Acho que sim. Nasci em Vieira de Leiria e aos 12 anos mudei-me para a Marinha Grande, que me reconheceu como uma figura do concelho e até me atribuiu a medalha de ouro. Mais do que isso não sei o que poderiam fazer. Quanto às pessoas em si, é bastante natural que existam algumas que não gostam de mim. Por terem simpatia por este ou aquele clube, mas sobretudo porque são bastante invejosas.
E Portugal?
Olhe, o País reconheceu-me mais do que a própria terra. Fui reconhecido pelo Governo com a medalha de Mérito Desportivo e mais tarde fui agraciado pelo Presidente da República com o grau da Ordem do Infante D. Henrique. Quer dizer que Portugal viu em mim uma figura que merecia ser reconhecida. Por outro lado, depois de ter terminado a minha
carreira como árbitro, fui durante 20 anos instrutor de árbitros da FIFA, observador da UEFA e comissário de árbitros em campeonatos do Mundo. Fui quatro anos membro do Conselho de Arbitragem a nível nacional e nunca fui dirigente da Associação de Futebol de Leiria.
E como é que isso se explica?
Nunca tive aquele reconhecimento que penso que merecia. Nunca fui convidado para uma palestra, para nada! Talvez não fosse uma pessoa querida para muita gente. Não me cria uma mágoa muito grande, mas penso que não se coaduna com todo o reconhecimento que tive em Portugal e no estrangeiro.
Acha que a televisão complica muito o trabalho dos árbitros?
Antigamente havia televisão, mas muito menos câmara. Agora vão analisar com minúcia o eventual erro do árbitro através dos vários ângulos disponíveis. Vê-se de um lado, de outro e só ao sétimo ou oitavo é que se consegue perceber se acertou, se errou. Como à comunicação social interessam sobretudo os erros, vão especular sobre o que esteve mal. Penso, por isso, que a televisão prejudica mais do que beneficia.
Concordaria se se utilizassem as novas tecnologias para auxiliar o trabalho do árbitro, de resto como se vê no basquetebol?
Sou contra. Apenas admitia o chip na bola para saber se entrou na baliza. Tudo que seja além disso é acabar com a modalidade, porque o futebol também vive dos erros dos árbitros. Imagine que paramos o jogo para ir ver as imagens. E depois, se não for grande penalidade, como reatamos a partida? Considero que está bem como está, as leis beneficiam o espectáculo.
Os árbitros estão a sofrer as maiores críticas de sempre?
Hoje o futebol é uma indústria que envolve milhões e milhões e normalmente as críticas negativas acabam por cair na pessoa mais indefesa. Os clubes não vão acusar os próprios jogadores e normalmente quando se perde é porque o árbitro errou. As críticas até podem ser justas, mas são empoladas.
Aqueles programas de debate também não ajudam nada...
Também vejo esses programas e quando são à mesma hora até os gravo. Por vezes debatem problemas de arbitragem que não estão abalizados para o poder fazer.
Concorda com o facto das nomeações terem passado a ser secretas?
Não. Não é por terem sido tornadas secretas que se vai dar mais garantias ou haver maior suspeição. O árbitro deve ser nomeado com antecedência, toda a gente deve saber quem é, acima de tudo não deve haver críticas dos dirigentes e treinadores antes dos jogos. Acredito que seja uma situação pontual, depois de todos estes problemas, mas para haver confiança deve ser tornada pública.
Os árbitros fizeram bem em faltar àquele jogo do Sporting devido às críticas?
Na minha altura também houve greves, mas era por outros motivos. Eu nunca faltaria a um jogo para ir contra um clube.
Há corrupção na arbitragem?
Até ser provada não existe.
O homem do diálogo
António Garrido completa em Dezembro 80 anos e 30 que deixou a arbitragem. Nasceu em Vieira de Leiria e aos 12 anos mudou-se para a Marinha Grande. Detestava árbitros, mas acabou por ser o melhor deles. Começou como fiscal-de-linha num Peniche-Caldas de juvenis em 1964 e a estreia como árbitro foi num “Os Nazarenos”-Mirense no mesmo ano. Em quatro anos chegou ao topo da arbitragem portuguesa, mais três anos e chegou a internacional. “Foi uma carreira brilhante. Momentos bons foram incalculáveis, mas tenho de destacar as duas presenças nos campeonatos do mundo, em 1978 e 1982, o Europeu de 1980 e, para mim, um dos momentos altos foi a final da Taça dos Campeões Europeus de 1980, entre o Nottingham Forest e o Hamburgo”, diz com indisfarçável orgulho. Também arbitrou uma Supertaça Europeia em 1977, entre o Liverpool e o Hamburgo. Cumpriu o sonho de dirigir uma partida em Wembley, a final do campeonato britânico entre a Inglaterra e a Escócia. “Como um tenor sonha cantar no Scala de Milão, eu sonhava arbitrar em Wembley e consegui-o.” Contabilista de profissão, procurava ter o jogador na mão. “Às vezes dizia a um, que estava a perder, que faltavam três minutos e ainda tinha hipótese de marcar, e depois dizia ao adversário que faltavam três minutos e que tinha de aguentar. Sabia viver dentro do campo. Tinha grandes condições como árbitro, mas também como homem de diálogo.”
(In “Jornal de Leiria”, 26/4/2012)
Entrevista a Carlos Pereira, presidente da mesa da AG da Liga.
"Foi, deixou de ser e já é outra vez presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga, cargo que o Conselho de Justiça da FPF lhe restitui via recente acórdão deliberativo sobre as eleições nesse organismo. Frontal, corrosivo, sem papas na língua, o dirigente e advogado 'derrete' Fernando Seara e Rui Alves e não poupa Sampaio e Nora...
- Não sai muito bem visto da decisão do Conselho de Justiça (CJ) da FPF quando às eleições na Liga. Foi mesmo beliscado...
- Na verdade, ainda que não esperasse outra decisão. Não esperava é que o conteúdo do acórdão contemplasse tanta agressividade em relação à minha pessoa. Aborrece-me, mas não fico magoado porque já não tenho idade para isso. Ao mesmo tempo lisonjeia-me, pois há uma norma destes últimos vinte anos, a de que quem aparece a combater o sistema das trevas e da corrupção é imediatamente fustigado e vai direitinho para a fogueira. O último foi Ricardo Costa, logo colocado em cima dos paus para lhe pegarem fogo.
E sempre no mesmo tom:
- Estou na senda. Isso significa que as minhas decisões e a minha postura estavam correctas e na direcção certa. É necessário limpar tudo isto e afastar de vez as trevas. Foi nesse sentido que fui decidindo enquanto estive no seu cargo de presidente da Mesa da Assembleia-Geral da Liga. Eu vou continuar por cá, e vou continuar no futebol, sem medo de ninguém. Mas não posso deixar de dizer que estão a esturricar uma grande senhora do direito do trabalho em Portugal, professora na Universidade Católica do Porto, a professora Catarina Carvalho, minha vice-presidente na Liga, que esteve a meu lado sem qualquer fervor clubístico e sempre firme, como só uma grande mulher sabe ser. Normalmente os bons, tal e qual como no tempo da inquisição, vão direitinhos para a fogueira.
- Vamos lá analisar o acórdão...
- O acórdão é uma grande encomenda!, estava encomendado.
- Como explica isso?
- O acórdão, para ir em determinado sentido, contém erros. Na minha opinião o CJ é absolutamente incompetente para apreciar esta matéria. Essa competência pertenceria ao Tribunal de Trabalho do Porto. Tanto a Lei de Bases como o Regime Jurídico das Federações estabelecem os poderes públicos que a Liga exerce por delegação da FPF, que por sua vez os recebe do Estado. Só no âmbito destes poderes públicos é que o CJ poderia conhecer dessas matérias. A Liga é uma associação de empregadores e a matéria a julgar tem que ver com a eleição numa associação de empregadores, não tem que ver com matérias relativas aos poderes públicos conferidos pela FPF à Liga. Como é que o CJ deu a volta à situação? Entendeu que os estatutos da FPF lhe permitem conhecer de quase todas as matérias e isto assenta num princípio absolutamente inconstitucional, o de que os estatutos da FPF em termos de valoração de diploma legal, se sobrepõem à Lei de Bases, à Constituição e ao Regulamento Jurídico das Federações. Chama-se a isto a hierarquia legislativa, que se aprende no 1.º ano de direito e que aqui está a ser vilipendiada grosseiramente. Significa que esta excepção, que foi apreciada no acórdão de incompetências foi do plano de vista jurídico muito mal apanhado e não convencerá ninguém. E depois continua mal, julga o meu despacho quanto às listas e mal. Fala sobre a indevida aceitação da candidatura D, a de Mário Figueiredo e fala da indevida rejeição da candidatura C, a de Fernando Seara.
- Houve unanimidade nos juízes...
- E isso significa que a unanimidade está certa?! Este acórdão é uma coisa inacreditável. Relativamente à candidatura D, diz que ela não devia ter sido aceite, diz o acórdão, porque a declaração do Farense de apoio à candidatura não era em papel timbrado. Em nenhum sítio do mundo diz que o papel do clube tem de ser timbrado! Isso não existe. A Liga tem legitimidade e capacidade para reconhecer a assinatura dos clubes que são associados. Foi público quem subscreveu as listas. É ridículo dizer aquilo. É inacreditável. Podiam ter sido 500 juízes a assinar isto que direi sempre: isto é inacreditável e é feito de encomenda!
- E quando à lista de Fernando Seara?
- Repare: as eleições foram a 11 de Junho, dia 10 foi feriado, a data limite era o dia 6, das 14 às 18 horas. Eu coloquei-me à disposição das candidaturas para, dois dias antes, 4.ª feira, esclarecer tudo o que tinha de ser esclarecido e dizer qual a minha interpretação de como as listas deviam ser preenchidas. Telefonou-me a candidatura de Júlio Mendes, marcou para o dia seguinte e não me opus. E ligou-me, na 4.ª feira à tarde, Jorge Barroso, candidato a presidente da Mesa da AG da lista de Fernando Seara. Falámos sobre vários aspectos da lista. E telefonou-me Fernando Seara, na 4.ª feira à tarde, tivemos uma conversa cordial, as dúvidas dissiparam-se e estava tudo perfeito. Na 5.ª feira ninguém me ligou e na 6.ª feira telefonaram-me da Liga, eram 14.30 horas. «Olhe, vai entrar a primeira lista, é a de Fernando Seara». A lista foi entregue por Jorge Barroso e foi recebida. Tudo tranquilo. Nem saí de Faro. Às 16 horas soube que entrou a lista de Mário Figueiredo, mas às 15.30 horas ligaram-me da Liga a dizer: «Tens aqui um problema. Está aqui Fernando Seara para entregar outra lista e isso não é possível». Ao telefone Seara diz-me: «Há aqui um lapso, porque alguém entregou uma lista em meu nome e não fui eu». Deve estar a brincar comigo, pensei, porque quem entregou a lista foi Jorge Barbosa, que era só o candidato a presidente da Mesa da Assembleia-Geral na lista de Fernando Seara. «Anteontem os senhores estavam juntos e a ligar-me para tirar dúvidas e agora diz-me que a lista não é a mesma? Então a primeira lista que entrou não vale?» E Fernando Seara disse-me: «Não vale! Vou fazer um requerimento a V. Exa, para que me anule essa lista». Ainda lhe disse: «Veja lá os clubes que subscreveram a primeira lista». Disse-me que estava tudo bem. E um dos clubes que subscrevia a segunda lista era o FC Porto. Houve um volte-face significativo, de 2.ª para 6.ª feira, que me surpreendeu. É evidente que isso deixou-me estupefacto. A 1.ª lista do Seara, ele próprio pediu para a anular. E eu anulei-a, os órgãos todos, conforme ele me pediu. E a 1.ª lista tinha os órgãos todos completos. Na 2.ª lista já não estavam completos. E eu já tinha dito que não admitiria vacaturas de órgãos, pois por princípio entendo que a Liga não pode funcionar assim. Defini esse princípio. Nenhuma lista cumpriu este princípio, excepção feita à de Mário Figueiredo. Este ponto da vacatura de órgãos era conhecido, e sei que é discutível sob o ponto de vista jurídico. Mas o acórdão, no seu parágrafo mais eloquente, diz o seguinte: «(...) Verifica-se dos estatutos e regulamento geral actualmente vigentes, que não existe qualquer norma que expressamente determine a necessidade de que uma lista candidata nas eleições da Liga deva indicar candidatos para todos os órgãos, mas também não existe norma que permita o contrário» - fim de citação.
Isto é o parágrafo mais eloquente do acórdão. O CJ conclui que as listas podiam conter vacaturas, órgãos sem estar preenchidos, porém utiliza argumentos tão bons como os que eu utilizei para decidir que não aceitava listas sem estarem todas preenchidas. Posto isto, finaliza este douto acórdão com o ordenar instaurar um inquérito à minha pessoa e à da minha vice-presidente. Ora bem, o motivo é uma coisa fantástica: a Assembleia-Geral (AG) tinha dois pontos de Ordem de Trabalho (OT), um que era a leitura da acta e outro que era o acto eleitoral.
A leitura da acta não foi feita, nem podia ser, porque de extensa que era, ainda não tinha sido passada a gravação a papel, e àquela hora não estava pronta para ser lida. Sugeri que fosse anulado ou adiado esse ponto e por ter sido aceite a leitura da acta saiu da OT.
E entrámos no ponto dois. E surge uma proposta à Mesa, assinada pelo FC Porto, Guimarães e mais alguns clubes, que sugeria ser ilegal o acto praticado por mim, de anular a candidatura de Fernando Seara. E eu respondi que não admitia a proposta, porque estávamos no ponto nº 2, que era o acto eleitoral. E não admiti. Tal como não admitiria no dia de hoje. Diz o art.º 46 do Regulamento Geral da Liga que: «(...) Dado início ao processo de votação, seja qual foi a forma de escrutínio, não poderão os delegados usar mais da palavra, a não ser para apresentação de pedidos de esclarecimento sobre a votação». Está pois, fundamentada a minha decisão de não aceitar nenhuma proposta depois de se encontrar no ponto nº 2 da OT.
O acórdão diz que indeferi liminarmente a proposta feita em pleno acto eleitoral e manda proceder disciplinarmente contra mim. Isto é fantástico! Em suma, as trevas vão voltar, esta é a minha primeira conclusão de tudo isto.
«ESSA GENTE É MUITO PERIGOSA!»
- E qual é a segunda conclusão?
- É a de que eu sou do Benfica. E hei-de morrer a ser do Benfica, mas sei que enquanto presidente da Mesa da AG da Liga não fiz nada para prejudicar outros clubes. Lutarei sempre é contra as trevas. Como as coisas caminham, o Benfica vai ficar mais dez anos sem ganhar nada, ao Sporting vai suceder o mesmo, a Benfica TV acaba e volta o império. E quem não quiser entrar no sistema e na roleta, quando puser o pé no risco vai imediatamente para o assador.
No futebol eu conheço-os a todos, um a um e não admito sequer que me comparem ou misturem com indivíduos que são corruptos, condenados por corrupção activa, e que andam a bater no peito a apregoar moralidade e a dizer mal de todos os outros que não navegam nessa trevas. Essa gente é muito perigosa!
Finalizando: neste momento sou presidente da Mesa da AG da Liga e vou cumprir com aquilo que devo fazer. Regozijo-me com isto, pois com a sua decisão o CJ reconhece-me capacidade para liderar o processo eleitoral, já que me recolocou no meu antigo lugar.
- A Liga vai interpor uma providência cautelar?
- A interpor será uma suspensão do acto administrativo. E se assim for, depois logo se verá, porque vai haver a tal parada e resposta. Não quero entrar nisso, mas acredito que vai acontecer.
- E Fernando Seara? Estará nas próximas eleições para a Liga?
- Fernando Seara? Não o conhecia, vi-o e ouvi-o na BOLA TV a defender com unhas e dentes o senhor Joaquim Oliveira e a Olivedesportos, sempre contra a centralização dos direitos televisivos. Enquanto benfiquista, se um dia estiver a ver um jogo do Benfica e Fernando Seara estiver por perto, levanto-me e vou-me embora. Gosto muito de ir à Luz ver o Benfica, mas há coisas que me atiram ao ar. Se ainda fosse jogador de futebol e se dentro das quatro linhas apanhasse essa gente pela frente, arrancava-os pela raiz, mas como já não é possível...
- Outro candidato, Rui Alves, disse publicamente que Fernando Seara foi afastado das eleições «a troco de uma oferta de emprego a alguém». E diz que sabe quem ofereceu esse emprego e a quem...
- Se ele sabe, que o diga! Não sei a quem se refere. A diferença entre essas pessoas e a minha é que eles falam por meias-palavras e eu digo logo as coisas na cara. Eles são do tamanho um do outro... Desafio-os a dizerem-no e na hora. Digam logo que é para eu explicar o que sei. Quem está desempregado é Fernando Seara, não sou eu, que tenho bom emprego, felizmente. Os clubes têm medos deles, mas eu não tenho!
«Sampaio e Nora devia ter pedido escusa de relator»
O ódio entre a família do juiz e Mário Figueiredo e a ética que não terá sido respeitada
Acusa o relator do acórdão, Sampaio e Nora, de procedimento «pouco ético». E explica a razão dessa opinião: «Não vou insinuar, vou relatar factos. Cada um retirará as conclusões que entender. E vou por partes, começo pela escolha do relator do acórdão, José Sampaio e Nora. Ele é de uma família ilustre de Coimbra, que tive a honra de conhecer há muito, conhecimento aprofundado com os anos por via da minha amizade com o filho José Miguel Sampaio e Nora. Juntávamo-nos no Algarve, já o representei, como advogado, em processo que decorreu no Algarve e o próprio José Miguel me pediu para fazer uma parceria entre escritórios.
Conhecendo como conheço estas pessoas, suponho que Sampaio e Nora teve dificuldade em escrever o acórdão tal como está escrito. Ele devia ter pedido escusa enquanto relator. O filho, José Miguel, saiu da Liga porque Mário Figueiredo entendeu que ele não servia para o cargo que ocupava. Não sei os motivos, isso não passou por mim. Sei é que foi estigmatizado um ódio de morte da família Sampaio e Nora ao presidente da Liga, Mário Figueiredo. É manifestamente pouco ou nada ético Sampaio e Nora ser relator, por isso mesmo que acabo de relatar. Ele devia ter pedido escusa»."
(Carlos Pereira, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga, entrevistado por Carlos Rias, in A Bola).
Mario Figueiredo sem papas na língua
Líder da única candidatura aceite para as eleições para a presidência da Liga de Clubes, Mário Figueiredo garante que não vai abdicar da corrida, manchada, salienta, por acontecimentos que em nada dignificaram o futebol português.
«Assistimos a um espetáculo degradante. Os rostos são bem conhecidos, mas o que mais importa são os poderes que escolheram estes rostos, que mandam no futebol e querem continuar a mandar. Ficaram a nu as fragilidades dos acordos e alianças. Os últimos acontecimentos em nada dignificaram o futebol profissional», referiu Mário Figueiredo, em conferência de Imprensa realizada na noite desta terça-feira na sede da Liga de Clubes.
«Nas duas últimas semanas assistimos a uma tentativa de manipulação eleitoral, na qual as pessoas preocuparam-se mais com a distribuição de cadeiras do que com a apresentação de um novo modelo de governo da Liga. Assistimos a conspirações, traições e engodos dos que lideram e querem continuar a faze-lo através de testas de ferro e homens de palha, que deveriam se ter preocupado em fazer o que eu fiz, ou seja, apresentar uma lista da qual me orgulho», vincou, garantindo:
«Não vou abdicar da minha candidatura em função dos problemas dos outros e tenho registado um ataque feroz aos clubes que possam vir votar amanhã.»
«Os meus aliados são os clubes que têm tido a coragem de estar sempre ao meu lado, foi pelos clubes pequenos e médios que enfrentei os poderes instalados e fi-lo porque quero um futebol mais justo, onde os ricos não sejam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres», prosseguiu o ainda presidente do organismo.
A finalizar, Mário Figueiredo denunciou que «o presidente da Mesa da Assembleia Geral sofreu ameaças contra a integridade física e ameaças de morte de pessoas anónimas». «Mas não me ameacem, nem aos que estão comigo, pois assim não vão lá. Preferia ir a votos contra outros candidatos, mas nem uma lista completa foram capaz de apresentar, resultado de, por exemplo, o doutro Fernando Seara ter traído os seus apoiantes iniciais, juntando-se a novos aliados.»
10-06-2014
O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Mário Figueiredo, disse esta terça-feira que os motivos evocados pela Mesa da Assembleia-Geral (AG) da Liga para recusar as candidaturas de Rui Alves e Fernando Seara foram claros.
"Acho que foi transmitido de forma clara que há obrigatoriedade dos candidatos à Liga de preencherem todos os órgãos que são sujeitos a sufrágio na eleição. Não podem ficar órgãos vacantes", sublinhou o único candidato às eleições na LPFP.
Na segunda-feira à noite, o presidente da Mesa da AG, Carlos Pereira, decidiu apenas admitir às eleições de quarta-feira a lista D, encabeçada por Mário Figueiredo, e rejeitar as restantes.
Em relação à candidatura de Rui Alves, a mesa da AG entendeu que era inelegível, porque estava registado como presidente do Nacional à data do 'termo de apresentação da candidatura, e por não apresentar lista à Comissão Disciplinar nem à Comissão Arbitral.
Já em relação a Fernando Seara, o presidente da AG recusou a candidatura por não apresentar qualquer lista para a Comissão Arbitral, algo que hoje Mário Figueiredo não deixou de sublinhar.
"Houve um trabalho de preparação que foi feito e a minha lista estava completa e estava toda direita. As outras duas listas, uma delas não apresentava elementos para dois órgãos, comissão arbitral e comissão disciplinar, e a outra não apresentava para a comissão arbitral", referiu.
Mário Figueiredo justificou ainda que os clubes têm de "se sujeitar ao tribunal arbitral da Liga, não podem socorrer-se dos tribunais comuns para dirimir conflitos entre eles, e portanto é essencial para quem concorre à Liga que tenha que concorrer a todos os cargos".
A Caloteira Olivedesportos
“Se a Olivedesportos é a empresa séria que diz ser (e queremos acreditar que é), então que cumpra nos precisos e exactos termos em que se obrigou a cumprir. Tudo o mais serão palavras ou desculpas vãs", pode ler-se na carta assinada por Mário Figueiredo, presidente da Liga, que foi enviada aos clubes no dia 21 de Novembro.
Na mesma carta, a que o CM teve acesso, o dirigente diz que interpelou a empresa de Joaquim Oliveira para saber se pretende ou não cumprir o contrato das contrapartidas financeiras da época 2012/13, relativas à Taça da Liga, que ascendem a 2,4 milhões de euros, mais IVA.
O líder do organismo que tutela os clubes profissionais lembra à Olivedesportos que a primeira prestação, no valor de 600 mil euros, vence a 30 de Novembro. Os valores em causa têm a ver com a cessão dos direitos comercias e televisivos da Taça da Liga e constam num contrato assinado por Fernando Gomes, antecessor de Mário Figueiredo e actual presidente da Federação Portuguesa de Futebol, em Setembro de 2010.
Mário Figueiredo diz, também, que, "em termos concretos e factuais, a Olivedesportos deve, desde 30 de Maio de 2012, a quantia de 575 000,00 euros, acrescida de IVA, apesar de insistentemente interpelada pela Liga para pagar". O montante em questão diz respeito à Taça da Liga de 2011/2012, "na qual foram transmitidos em canal aberto os sete jogos reservados à Liga, nos termos do contrato". "Tendo ocorrido a transmissão desses jogos, não pode a Olivedesportos justificar o incumprimento em que há muito incorreu com base em circunstâncias futuras, relativas à presente época", observa.
A Liga vinca que a falta de pagamento penaliza duplamente os clubes: "De forma directa, por não terem recebido pontualmente o que lhes é devido por mérito desportivo e, de forma indirecta, na medida em que a associação que os congrega e representa viu-se obrigada, no propósito de colmatar o incumprimento da Olivedesportos e acudir às necessidades dos clubes, a adiantar essa avultada soma de que não está ressarcida, bem como a pagar o respectivo IVA." A concluir, Mário Figueiredo promete aos clubes que lhes irá pagar as verbas relativas à primeira e segunda fases da Taça da Liga de 2012/13, que já terminaram, assim que a "Olivedesportos pague os montantes em dívida".
Figueiredo contra a Renegociação
Mário Figueiredo considera que a Olivedesportos não pode impor uma renegociação do contrato de cessão dos direitos televisivos e comerciais da Taça da Liga. "Desde logo (...) por estar há muito em mora, e, estando, a lei não lhe consente, enquanto contraente relapso, a possibilidade de invocar a alteração dos pressupostos da base negocial", diz a carta enviada aos clubes.
A Liga lembra, ainda, que no contrato assinado por Fernando Gomes em 2010 com a empresa de Joaquim Oliveira foram excluídos os direitos de transmissão televisiva de sete jogos em canal aberto, que, para 2012/13, foram adquiridos pela TVI
(CM, 25/11/2012)
A OLIVEDESPORTOS, o verdadeiro Polvo
Que Polvo é este que depois de dominar os "mérdias" já domina também os Governos? Um governo que está sob alçada da Troika
Que sobrecarrega os portugueses com impostos
Que sobrecarrega as empresas
Que despede professores
Que corta subsídios sociais...
Prepara-se agora para dar autorização á RTP para ir em ajuda da Sport TV com 300.000 euros por jogo do campeonato, ou seja 9 milhões de euros, em virtude desta empresa não ter conseguido vender os jogos a nenhuma TV privada…Ou seja o erário público vem, mais uma vez, em ajuda de empresas do Sistema..
Deste modo este Governo ajuda salvar a empresa que domina o Sistema Corrupto do futebol português e de forma indirecta prejudica as negociações que o Benfica tem com outras empresas e tentam limitar essas escolhas mantendo o monopólio da Sport TV.
Lembro aqui um post anterior de um blog Benfiquista:
Miguel Relvas não pára. E se uns dias antes tinha sido visto a almoçar com Joaquim Oliveira e Zeinal Bava na praia do Ancão, na véspera do Pontal, terça-feira ao final do dia, participou noutro jantar com figuras de primeira água. Entre elas, Joaquim Oliveira, o patrão da Sport TV e do "DN", Pinto da Costa e António Salvador, presidente do Braga. De que falariam tão ilustres comensais, em vésperas do início do campeonato e numa altura em que as televisões generalistas ficaram alheadas da transmissão dos jogos do campeonato? Para que conste, o jantar foi no Golfinho, na praia da Falésia.
A bem da “Naçouen…
Que Polvo é este que depois de dominar os "mérdias" já domina também os Governos?
A Controlinveste (opinião)
Em primeiro lugar devemos lamentar mais este despedimento em massa de 160 trabalhadores, que vão "pagar" com o desemprego os desvaneios megalómanos de um oportunista que tem feito toda a sua "carreira" empresarial recorrendo aos fretes, compadrio e tráfico de influências (basta recordar como lhe veio cair nas mãos os direitos televisivos do futebol, que eram à data propriedade da RTP) e todo o processo que conduziu ao vergonhoso espectáculo que hoje vimos nas eleições para a Liga.
Este negócio de repartição do capital social da Controlinveste foi impostos pelos Bancos para tentarem salvar uma parte dos milhões que têm enterrados no universo de J.O. (100 milhões já viram "arder" num perdão de dívida), recorrendo à entrada de capitais angolanos (A. Mosquito) e abrindo crédito ao novo "menino bonito" do ramo dos média Luis Montez (genro de Cavaco Silva), mas que não engloba a Sportv, nem a PPTV (a outra empresa do seu universo, a que realmente detêm os direitos televisivos dos clubes da 1ª e 2ª liga, que é 100% de J.O).
A única "boa" notícia em tudo isto é que J.O perdeu o controlo da maioria do capital, não sei se isso se irá refletir na perda de influência a nível das redacções ontem tem homens de mão como acontece no DN, JN e jornal O Jogo. Não acredito que isso venha a acontecer, embora isso seja meio caminho andado para o insucesso do programa de recuperação.
A nível da programação da Sportv, a BTV precisava de lhes dar outra bicada a nível da Liga Espanhola ou Alemã, isso sim, seria um rombo a sério.
CÂMARA de GAIA Falida
A Câmara de Gaia é actualmente arguida em 64 processos judiciais, envolvendo um montante indemnizatório de 62 milhões de euros. Num deles, uma entidade gestora de creditos reclama 30 milhões de euros, o que pode levar o município á falência, alertou o autarca Eduardo Vítor rodrigues. Os créditos relativos à indemnização devida no processo que opôs a Cimpor à autarquia foram vendidos pela cimenteira a uma sociedade luxemburguesa, Drylux Investment, que vem agora “exigir o pagamento da dívida de 30 milhões”, explicou esta segunda-feira o presidente da câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues. Numa carta dirigida ao ministério das Finanças, a que a Lusa teve acesso, a sociedade Drylux refere que o município de Gaia “não procedeu voluntariamente, no prazo legalmente fixado, ao pagamento do valor a que foi condenado”. “Dado que o comportamento do MVNdG [Município de Vila Nova de Gaia] conduz a que o Governo Português, directa ou indirectamente, incumpra os compromissos assumidos com o FMI, e atendendo à recusa do MVNdG em iniciar uma discussão relativamente a esta dívida não paga, solicitamos a imediata assistência de V.Exa. na resolução deste assunto”, refere a missiva, cujo conteúdo foi também enviado para a Direção-Geral das Autarquias Locais, e na qual a sociedade impõe um prazo até 10 de Dezembro para uma resposta .
O socialista Eduardo Vítor Rodrigues, que nas eleições autárquicas ganhou o município gerido pelo social-democrata Luís Filipe Menezes durante 16 anos, salientou que só a execução desta dívida “pode levar o município à falência” e acabará por "contribuir para o défice público", por ser uma dívida a uma sociedade luxemburguesa, acrescentou. Os mais de 60 processos abrangem, entre outros, pedidos de indemnização por ocupação de terreno privado, incumprimento de protocolo, demolição coerciva, expropriação, acidentes de viação, cobrança de juros e, em montantes superiores, os casos da Cimpor e daquela que ficou conhecida como Via Anastácia. “Estamos neste momento com 64 processos judiciais que envolvem um montante indemnizatório de 62 milhões de euros”, afirmou o autarca no final da reunião de câmara.
O caso da Cimpor, que alegou ter ficado impossibilitada de usar os silos que tinha junto à estação ferroviária das Devesas, remonta a 2000 e conheceu novo desfecho em Abril deste ano, quando o Supremo Tribunal Administrativo confirmou a decisão de primeira instância, condenando o município ao pagamento de uma indemnização de cerca de 30 milhões de euros. Já o caso interposto por Anastácia Freitas diz respeito à condenação, após um longo diferendo judicial, pelo Tribunal Central Administrativo do Norte de uma indemnização de cerca de 19 milhões de euros à sociedade que em 2002 cedeu terrenos para a construção de parte da VL9 e que nunca recebeu as contrapartidas acordadas.
“Tudo poderia ser evitado se não tivesse havido uma lógica do ‘quero, posso e mando’”, lamentou o novo presidente da Câmara de Gaia que irá criar um grupo de trabalho com os serviços jurídicos que possa entrar em diálogo com as empresas e “tentar uma negociação, não apenas para diminuir as eventuais condenações mas também para voltar a ter o bom nome”.
Fundação PORTOGAIA
A PortoGaia depende quase totalmente do financiamento público. Com nota negativa na avaliação do Ministério das Finanças às fundações, corre agora o risco de ser extinta.
A Fundação PortoGaia teve uma classificação de 26,1 numa escala de 0 a 100, sendo a 10ª fundação com pior nota, como refere o ‘Jornal de Negócios'. Com um património em 2010 de 2,2 milhões de euros, 88,4 por cento das suas receitas provêm de dinheiros públicos. Factores que podem culminar na sua extinção. A fundação
assume que tem como fim promover o desporto no concelho de Gaia, "nomeadamente através da construção e gestão do centro de treino e formação desportiva, para a instalação do FC Porto, Futebol". Quando foi criada, era detida em 51 por cento pelo FC Porto.
O CM contactou a Câmara de Gaia, liderada por Luís Filipe Menezes, para obter uma reacção, que passou todos os esclarecimentos para a Fundação PortoGaia. Os contactos da fundação, contudo, ligam para o estádio do Dragão, onde afirmaram desconhecer a PortoGaia. O CM tentou, sem sucesso, obter uma explicação do FC Porto.
Renda mensal de 500 euros
O centro de estágios do Olival, em Vila Nova de Gaia, tem cinco campos de futebol, bancada para duas mil pessoas, ginásio e centro de imprensa. A Câmara de Gaia pagou 1,5 milhões de euros pelos terrenos e em 2004 a Inspecção Geral de Finanças revelou numa fiscalização que a autarquia de Luís Filipe Menezes tinha pago a totalidade dos custos do centro de treinos: 16 milhões de euros. O FC Porto, que desde 2002 usa o espaço, conseguiu assegurar o direito de superfície dos terrenos por 50 anos e paga apenas uma renda mensal de 500 euros, revela o “Negócios”.
Luís Filipe Menezes faz contudo questão de insistir que é ao clube de Pinto da Costa que cabem os encargos com o centro de estágios.
A Fundação PortoGaia defende que o centro de estágios "proporcionará "riqueza e progresso" às freguesias onde está instalado: Olival e Crestuma.
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