domingo, 1 de novembro de 2015

(Treinadores Andrades) A MÁFIA DA PALERMO PORTUGUESA (150)

Os Treinadores do FCP (1)
(Com a devida vénia ao Alberto Miguéns, “Em Defesa do Benfica”).

Não é a "Estrutura" é a "Estrutura estruturada" (vulgo Sistema, para nós mortais)

Que os treinadores do FC Porto são fracos, até a imprensa (agora admite) mas curiosamente ao admitir "informa" que ganham por que têm "uma estrutura forte e ganhadora atrás"! Ou seja, chegámos a uma nova dimensão do futebol, em que não interessa ter um treinador com qualidade. Basta ter uma estrutura, arranjar um Zé Ninguém, para passear a braçadeira de treinador e preencher os pré-requisitos da competição e eis que  a equipa a jogar... ganha porque tem a "Estrutura": atrás, ao lado e à frente. Poupem-me. "Senhores" dos media. Não é "Estrutura". É o "Sistema"... estúpidos! Ou então, quais cobardes, os Idiotas Úteis nos media arranjaram um eufemismo para "Sistema" chamando-lhe "Estrutura"! E é, afinal um "Sistema" é uma "estrutura estruturada"!

Pinto da Costa (PdC) nunca quis ter bons treinadores no FCP. Sempre quis ter treinadores que lhe servissem os propósitos: ou seja fazer o que ele manda e não serem inteligentes, para perceberem que não são eles os principais obreiros dos triunfos, mas quem joga por fora. Por isso quer treinadores medíocres em início de carreira que não percebam que o mérito das conquistas é muito mais de quem joga por fora do que quem joga por dentro!

Parte I (5 em 18): José Maria Pedroto, Artur Jorge, Tomislav Ivic, Quinito e Carlos Alberto Silva
Quando PdC assumiu a presidência do FCP tratou de resgatar Pedroto, pois os dois tinham sido "expulsos" pelo presidente da Direcção, Américo de Sá, do clube portista após findar a temporada de 1979/80 com o FCP a perder o campeonato nacional para o Sporting CP e a final da Taça de Portugal (no Jamor) para o Benfica. Nas 13 épocas iniciais - mais concretamente "doze e meia" PdC contratou cinco treinadores, com dois deles (Artur Jorge e Ivic) a regressarem para um segundo período e um (Quinito) que "nem aqueceu" o lugar.

A – PEDROTO (1977-79)

1. Pedroto: O maior mito (mentiroso) do futebol português
Ao contrário do que se afirma Pedroto, enquanto treinador - nos clubes e na selecção portuguesa - foi um treinador mediano. Como estratego foi grande, mas aí entra a sua veia maldosa, intriguista e maquiavélica.
Depois de deixar o futebol como jogador no FC Porto enveredou pela carreira de treinador, primeiro nos juniores do FCP e da selecção nacional dessa categoria (1961/62), depois por clubes onde obteve classificações medíocres. Seguiu-se o FCP onde não foi além de três épocas de frustrações (dois terceiros lugares), mesmo com uma em 1968/69 em que conseguiu pressionar o Benfica manobrando por fora. Em conluio com os dirigentes da AD Sanjoanense e da FPF conseguiram anular uma vitória, por 2-0, do Benfica na 4.ª jornada para obrigar à repetição do jogo entre a... 25.ª e a 26.ª jornada! Mais de sete (sete! repito) meses depois do jogo anulado da 4.ª jornada, em 29 de Setembro de 1968 ser jogado em 23 de Abril de 1969). Porquê? Porque o jogo decisivo disputava-se na 25.ª jornada (20 de Abril de 1969), na recepção ao FC Porto na Luz, pois na 1.ª volta o FCP vencera, por 1-0, o "Glorioso". 

Pedroto e o Sporting
Este episódio contado pelo jornalista Neves de Sousa:
“Pouca gente soube que José Maria Pedroto esteve a um pequeno passo de ser treinador do Sporting, quando João Rocha era presidente do clube de Alvalade. Tudo estava acertado, pormenor por pormenor, até à mais ínfima partícula de um documento que vinculava as duas partes, pelo menos durante uma temporada futebolistica. Porém, no dia em que estava aprazado a assinatura nos papelinhos, Pedroto travou o gesto e subitamente disse para o  presidente do Sporting:“Esqueci-me de lhe lembrar, mas falta aqui uma clausula. Está tudo certo, tanto em relação aos meus prémios, como aos meus vencimentos, o caso do apartamento e do carro às ordens, tudo muito bem, mas o senhor presidente esqueceu-se de que eu lhe tinha dito logo no primeiro encontro: só vou para um clube que dê garantia de contar com os árbitros.

“Como, não percebo?”, indagou João Rocha, nessa altura pouco habituado a saber o que era certa fatia da arbitragem, Pedroto meteu a caneta na algibeira, levantou-se e apenas disse: “Quinze mil são para mim, mas para os árbitros são precisos outros tantos, caso contrário o Sporting só ganha campeonatos lá para o fim do século.”

O contrato acabou por não ser assinado. Pedroto rumou para outra latitude a norte, mais compreensiva. O Sporting continua a ver navios.”

2. A "malandrice" contra o SLB não resultou... à justa"
Após a 24.ª jornada, o SLB com menos um jogo, estava empatado no 1.º lugar com o FCP. Se o FCP vencesse dificilmente não seria campeão, pois mesmo que o "Glorioso" vencesse os dois jogos finais, o melhor que conseguiria era ficar empatado com o FCP, mas este tinha vantagem no confronto directo.

O jogo foi muito difícil, porque o árbitro Manuel Fortunato de Évora permite "tudo e mais alguma coisa" aos portistas. Só um Benfica de aço consegue "levar e calar" para manter o 0-0, a igualdade pontual e tentar depois vencer nas duas jornadas finais: na 4.ª jogada entre a 25.ª e a 26.ª vence, por 1-0, a AD Sanjoanense onde, em São João da Madeira, se assistiu a "tudo e mais alguma coisa" e em Tomar, na 26.ª e última jornada, em 27 de Abril de 1969, o "Glorioso" venceu, por 4-0, o União de Tomar. Nesta o FCP também venceu, por 1-0, o CF "Os Belenenses", no estádio das Antas.

Entretanto o presidente do FCP, o banqueiro Pinto de Magalhães percebeu que Pedroto instrumentalizara um clube adversário (AD Sanjoanense) para facilitar o seu trabalho, despediu o treinador Pedroto, após este ter dito no balneário que estava com os jogadores contra o presidente e no gabinete do presidente que estava com ele contra os jogadores. Na Luz e na última jornada foi já o seu adjunto António Morais que orientou o FCP, com a supervisão "por fora" de Pedroto. O presidente do FCP levou ainda o assunto a uma assembleia geral que proibiu a frequência das instalações do FCP por Pedroto enquanto funcionário do clube, a menos que uma outra assembleia geral anulasse a sanção.

3. Proibido de frequentar as instalações do FC Porto
Pedroto saiu das Antas, ameaçando vingança, rumando a Setúbal onde, com alguns jornalistas começa a construir o mito. Em cinco temporadas classifica o Vitória FC sempre acima do 5.º lugar. É o êxtase entre alguns jornalistas e seus panegíricos dos jornais da época, ignorando que o clube sadino, treinado por Fernando Vaz, era um dos melhores emblemas do futebol português da época, com presença regular na Taça das Cidades com Feiras, duas Taças de Portugal conquistadas em três temporadas (1964/65, V 3-1 com o Benfica e 1966/67, V 3-2 com a equipa da Associação Académica de Coimbra) na final mais longa do futebol em Portugal: 143 minutos) e boas classificações nos campeonatos nacionais antes de Pedroto: 1968/69 (4.º), 1967/68 (5.º), 1966/67 (5.º), 1965/66 (5.º). 
A pressão dos media - afastando o anterior seleccionador nacional, bicampeão europeu e "Magriço" em 1966, José Augusto - levou-o a seleccionador nacional, em simultâneo com o cargo de treinador em Setúbal, entre 3 de Abril de 1974 e 22 de Dezembro de 1976, já depois do Boavista FC e na primeira época de regresso ao FC Porto. Na selecção nacional foi uma desgraça, com seis derrotas e quatro empates (com quatro insucessos consecutivos) em 16 jogos, falhando-se os apuramentos o Campeonato da Europa de 1976 (derrota de... 0-5 com a Checoslováquia, por exemplo)

4. Valentim Loureiro pesca-o em Setúbal para o Boavista FC
Quando o major do exército português arranjou problemas na Guerra Colonial, na Guiné, por causa dos aprovisionamentos de bens alimentares (“Major Batata”, como ficou conhecido) regressa à cidade do Porto para resgatar o Boavista FC que competia na III Divisão em 1967/68. Em 1968/69, na II Divisão, foi promovido à I Divisão. Em três anos do 3.º ao 1.º escalão. Depois de classificações a meio da tabela em 1974/75 contrata Pedroto e coloca pessoas na Associação de Futebol do Porto "passando a perna" ao colosso FCP de Américo de Sá. Até porque o FCP foi muito afectado pelo 25 de Abril de 1974 poismuitos dirigentes do FCP fugiram do país, incluindo Pinto de Magalhães que deu o "salto" para o Brasil.

5. 1974/75: o Benfica deixa-se "comer" por Pedroto (pela 1ª vez) e Valentim Loureiro

Em 1974/75, o Boavista classifica-se em 4.º lugar apurando-se para a final da Taça de Portugal, pela 1.ª vez na sua história. Qual foi o "outro" finalista? O Benfica! Pedroto e Valentim Loureiro lançam o isco aos dirigentes do Benfica. E se a final não fosse em Oeiras, mas em Lisboa no estádio José Alvalade... do Sporting CP. Vamos a isso. Pela primeira vez na sua história o Benfica estava em desvantagem no número de adeptos. Para além dos mil boavisteiros os associados do SCP lotaram o estádio. O SLB ficou com os 33 por cento regulamentares. Será que os dirigentes do Benfica aprenderam para o que restava dos anos 70?! Nem pensar! Ah! O resultado? O Boavista FC de Pedroto venceu, por 2-1, o jogo e levou a Taça de Portugal para a cidade do Porto.

6. 1975/76: no café Orfeu, entre jogos de cartas, decide-se o futuro do FC Porto e do futebol em Portugal
Por intermédio de Pedroto, os jogadores fizeram greve e se não houvesse eleições não jogariam. Houve eleições. Nas sessões de esclarecimento aos sócios simpatizantes do presidente Américo de Sá, o nosso ‘amigo ´Reinaldo Teles arranjava uns capangas para armarem porrada e as sessões nunca chegavam ao fim. Isto e a greve dos jogadores veio dar força a PC que ganhou as eleições. Os jogadores pararam logo a greve e foi assim que o MAFIOSO chegou ao poder (com o dinheiro do dono da Petúlia (Ilídio Pinto), que mais tarde se mostrou desgostoso, pois tinham-lhe prometido a vice-presidência e depois nada. Só anos mais tarde chegou a dirigente do clube.

Grandes amigos dos xitos (sei lá como se escreve!) os principais dirigentes (mais Pedroto e Hernâni Gonçalves) do Boavista e FC Porto encontravam-se regularmente no Café Orfeu para umas "cartadas". Começa a lenda. Ao que consta Valentim Loureiro e PdC (entretanto chamado por Américo de Sá para Chefia o departamento de futebol do FCP) jogam "tudo por tudo" à volta de Pedroto.
Em 1975/76, já com a AF do Porto bem instalada no Conselho de Arbitragem da FPF, o Boavista FC classifica-se em 2.º lugar (o SLB foi campeão e o FCP foi 4.º classificado). E o Boavista FC chega à final da Taça de Portugal frente ao Vitória SC de Guimarães (que eliminara, por 2-1, em Guimarães, nos quartos-de-final o... FC Porto). Local escolhido pelo dois clubes?! O estádio do FC Porto. O Jamor já era! Resultado?! Boavista 2; Guimarães 1. Boavista era treinado por Pedroto.

Taça de Portugal, 13 de Junho de 1976

A final da Taça de Portugal da temporada de 1975/76 é disputada entre o Vitória de Guimarães de Fernando Caiado e o Boavista de José Maria Pedroto no Estádio das Antas, acabando por sorrir aos axadrezados mas com muita polémica à mistura. Desde logo em virtude da decisão federativa quanto ao horário do jogo que fez pairar o boicote dos vitorianos, mas também pela decisão de ser o árbitro António Garrido da AF Leiria a dirigir a partida, ele que havia estado numa célebre partida entre os mesmos clubes no final da temporada anterior que decidiu o apuramento do Boavista para a Taça Uefa em prejuízo do Vitoria de Guimarães.

E de facto as suspeições não se revelariam infundadas, mal o jogo começou o vitoriano Pedrinho interceptou a bola num lance ainda no meio campo do Boavista, correu largos mestres com a bola controlada e em sucessivos dribles, entrou na grande área adversaria e quando já estava praticamente isolado perante o guarda redes Botelho foi ostensivamente empurrado e rasteirado por um defensor boavisteiro - Alberto -, grande penalidade a que António Garrido faz vista grossa. Depois foi a vez de Tito, com a bola dominada e bem no interior da área (4/5 metros), quando se apresta para rematar é desviado em falta por um adversário; António Garrido apita e no estádio todos se convencem que é penalty a favor do Vitoria SC, porém, surpreendentemente e perante a incredulidade de todos, o árbitro António Garrido assinala livre directo contra o Boavista à entrada da grande área. Depois do 2-0 a favor do Boavista no reatamento, a esperança vitoriana renasceu de um momento de inspiração do avançado Rui Lopes, mas era tarde de Garrido... Em cima do final do jogo, novo lance decisivo; o brasileiro do Vitória Almiro ultrapassa vários adversários, entra na área e, ao passar pelo defesa boavisteiro Trindade é agarrado pela camisola e ainda rasteirado. António Garrido nada assinala e a taça ruma às vitrinas axadrezadas.

No final da partida o vitoriano Tito dizia: «Fui, de facto, empurrado sem que o Sr. António Garrido alguma coisa tivesse marcado. É verdadeiramente inacreditável que este árbitro considerado o melhor do ano (para mim o pior!) tivesse estragado este grandioso espectáculo. Já o ano passado foi vergonhoso no nosso jogo contra o Boavista FC. Agora voltou a ser inegavelmente “sujo” na maneira como apitou. Só ajudou o Boavista, embora este tenha ganho com toda a dignidade. Mas as grandes penalidades que ele deixou de marcar sobre mim e sobre o Almiro ficaram-me atravessadas na garganta. Inacreditável! Só soube prejudicar o Vitória SC.»

Também Almiro se referia aos lances; «Quando estou na cara do “keeper” axadrezado e me preparo para chutar fui agarrado pelo Trindade pela camisola, logo seguido de uma rasteira pelo mesmo jogador. Ainda em desequilíbrio o Botelho agarrou-me a perna esquerda e foi nessa altura que caí. Caramba! Toda a gente viu que foi uma nítida penalidade. Só o Sr. Garrido é que não viu. Porquê? Aliás, a sua actuação ao longo do desafio foi verdadeiramente lamentável. Prejudicou-nos de toda a maneira e feitio. É impressionante como mandaram para esta final um árbitro deste calibre que já o ano passado em Guimarães nos havia roubado descaradamente contra esta mesma equipa”.

O Presidente da Direcção do Vitória, “Simplesmente, este jogo ficou marcado por uma arbitragem péssima do Sr. António Garrido, na linha das anteriormente já realizadas. É pena que esse senhor tivesse sido escolhido para arbitrar esta final, António Garrido é um árbitro falhado. Julgo que nunca deveria ter sido escolhido para arbitrar esta grande final. Teve sempre, desde o inicio, a nítida intenção de prejudicar o meu Vitória. Foi mais que evidente. É um juiz incompetentíssimo que devia ser positivamente banido do futebol nacional.”
Jornalistas como Alfredo Farinha e Jorge Schnitzer do Jornal A Bola descreveram pormenorizadamente os lances capitais de grandes penalidades evidentes não apontadas por António Garrido a favor do Vitória SC. Na conceituada Revista Equipa, na reportagem da partida, foi possível ler-se: «Garrido, mais uma vez, voltou a ser injustíssimo. Já o havia sido o ano passado em Guimarães contra este mesmo Boavista. Agora foi novamente uma lastima…»

Na ressaca da partida os responsáveis vitorianos queixaram-se fortemente às instâncias próprias da arbitragem de António Garrido. A imprensa, unanimemente condenou a arbitragem de António Garrido.

Apesar de todas as queixas vimaranenses o árbitro António Garrido não foi castigado pelas entidades que superintendiam o futebol, acabando mesmo por receber a distinção de melhor árbitro nacional em 1975/76.

7. Pedroto, o renegado do FCP é salvo por PdC
Eis que chega o verão de 1976. Valentim Loureiro sabia que Pedroto estava proibido de ser funcionário do FCP. PdC sabia que tinha de ter Pedroto no clube para poder potenciar, no maior clube da cidade (a par do Benfica, estamos a falar de 1976), as "qualidades" de Pedroto. PdC convenceu Valentim Loureiro a ceder Pedroto ao FCP. Dizendo-lhe qualquer coisa do tipo: perdes um "grande" treinador mas com esse treinador no FCP ainda vais ficar a ganhar mais do que ganhas agora! PdC convence - num engano magistral - Américo de Sá a convocar uma assembleia geral de desagravo - 21 de Março - a Pedroto e este entra para funcionário do FCP. 

8. Estão aqui, estão na "alheta"
O presidente do FCP, Américo de Sá percebeu de imediato que o "bom nome do clube" iria ser afectado com a dupla "Pedroto + PdC" esperando a primeira oportunidade para os pôr na rua. Em 1976/77 o FCP classificou-se em 2.º lugar (atrás do campeão Benfica) mas conseguiu chegar à final da Taça de Portugal tendo como adversário o SC Braga.
A "dupla" sabendo que estava a prazo (tinha de ganhar algo para o presidente não conseguir pô-los na rua, pois o FCP não era campeão nacional desde 1958/59 e não conquistava a Taça de Portugal desde 1967/68) acordou com alguns dirigentes do SC Braga que a final fosse realizada no estádio das Antas para garantir mais probabilidades de sucesso.

9. Dia da infâmia: começou o "Futeluso"
Em 18 de Maio de 1977 um dos dias mais vergonhosos - uma infâmia para o SC Braga - na história do futebol português (o começo do "Futeluso"), com o SC Braga a ir jogar uma final a casa do adversário perdendo, por 0-1 e, diz-se, nunca recebendo as contrapartidas prometidas pela "dupla"! Árbitro... Porém Luís - ainda vamos ouvir falar dele - de Leiria, tal como António Garrido!

10. Bicampeonato com dois árbitros: Manuel Vicente e ... Porém Luís
Finalmente o FCP consegue ser campeão nacional após um período em que perdeu 18 títulos consecutivos, entre 1959/60 e 1976/77, muito à custa das arbitragens controladas pelos boavisteiros - Laureano Gonçalves e Pinto de Sousa, entre outros - colocados no Conselho de Arbitragem da FPF. Pedroto era natural de Almacave, Lamego. De não muito longe veio o seu compadre Manuel Vicente, árbitro transmontano que fui subindo de categoria como reserva para o "que der e vier" e deu, na 28.ª jornada de 1977/78 empurrou o FCP para cima do SLB, com o FCP a conseguir, aos 83', o golo que deu o empate a um golo no estádio das Antas, permitindo ao FCP conquistar o título que fugia há duas décadas, com o mesmo número de pontos (51) do Benfica, igualdade no confronto directo (0-0 e 1-1), mas melhor diferença de golos (FCP: + 60 (81-21) e SLB + 45 (56-11), muito por "culpa" das goleadas de "última hora", ou seja, na segunda volta. Mais uma vez não era possível a Américo de Sá colocá-los na rua!

11. Roubas tu ou roubo eu!
Na época seguinte de novo um campeonato muito equilibrado decidido nos "pormenores" eufemismo para más arbitragens, como na 1.ª volta, com António Garrido de Leiria na 2.ª jornada a oferecer a vitória, por 1-0, à equipa da casa (FCP) e na 2.ª volta, na 17.ª jornada, na Luz, Porém Luís (eu disse que ia voltar a falar dele) de... Leiria (simples coincidência esta parelha leiriense com António Garrido) a "fabricar" o empate a 1-1, quando aos 77 minutos Duda do FCP com um "fora-de-jogo" de dois metros junto a Zé Henrique marca o golo que permite ao FCP gerir o ponto de vantagem com que conquistou o bicampeonato nacional. Mais uma vez não era possível a Américo de Sá colocá-los na rua!

12. Em 1979/80 ninguém os safou!
Campeonato perdido para o Sporting CP, Taça de Portugal (no Jamor) perdida para o Benfica. Adeus à"dupla".

Pedroto rumou a Guimarães, não sem antes - como escreveu Neves de Sousa - ter tentado enganar João Rocha!

PdC voltou para a loja de venda de electrodomésticos e tintas a engendrar o modo de regressar ao FC Porto, já como presidente. Mas isso é outra história. O que interessa é Pedroto. No Vitória SC nada de novo, com o 5.º e 4.º lugar: pouco melhor que nas últimas temporadas, com dois 6.ºs lugares. O presidente Pimenta Machado contava com a "amizade arbitral" de Pedroto, mas lucrou pouco!

13. Pedroto doente teve pouca "amizade arbitral"
Em 1982/83, com PdC a presidente do FCP, Pedroto regressou ao clube, não sem antes terem criado uma greve de jogadores no verão de 1981 para fragilizar Américo de Sá. Para além do Benfica de Eriksson jogar muito e bem, Pedroto estava minado pela doença que seria fatal. No início da temporada de 1983/84 até eu que detestava os ditos e chacotas de Pedroto tinha pena dele quando passavam imagens no Domingo Desportivo da RTP. Um farrapo humano.
Dirigiu pela última vez um jogo do FCP em 4 de Dezembro de 1983, na 10.ª jornada das 30 do campeonato nacional. Foi António Morais, o fiel adjunto já desde os anos 60, que concluiu a temporada. Em 7 de Janeiro de 1985, pouco mais de um ano depois, falecia um dos maiores vermes - que o diga Mário Wilson, ou o homem que para Pedroto era "um burro preto de vermelho aos coices" que passaram pelo futebol português, criador dos caboucos do "Futeluso" que depois, laboriosamente, PdC construiria com a "mestria" que velhos e novos sabem!

14. Pedroto "brilhava" em terras lusas, mas na UEFA era uma nulidade
Num tempo em que PdC controlava cá dentro, mas ainda não tinha conhecimentos para controlar os Ivanoves e outros desta vida, Pedroto era muito mau treinador nas competições da UEFA.

15. Pedroto: O Mestre  com "boa imprensa"
José Maria Pedroto conseguiu alcandorar-se a Mestre, mas nunca obteve melhores resultados que os seus antecessores nos clubes por onde passou, com destaque para o Vitória FC Setúbal, onde Fernando Vaz fez melhor e por causa de Pedroto e da "boa imprensa" deste, caiu no esquecimento, até para os vitorianos sadinos. Incrível. Pedroto no FCP foi bicampeão por causa do "Sistema" (ainda que incipiente, entre eles os árbitros António Garrido, Porém Luís e Manuel Vicente). Em jogos internacionais é dos piores treinadores (piores registos) portugueses, quer na selecção nacional, quer no FC Porto!

B - ARTUR JORGE (1984-87) e (1989-1991)
1. A mediocridade transformada em pessoa
Artur Jorge ganhou protagonismo nos media portugueses quando foi escolhido por José Maria Pedroto para seu adjunto na segunda temporada (1981/82) no Vitória SC Guimarães. E disse - como só Pedroto sabia dizer - que Artur Jorge seria um grande treinador no... FC Porto. Entretanto Pedroto regressou ao FC Porto, mas o seu adjunto no FCP foi António Morais. Artur Jorge lá foi tarimbar para outros clubes sempre com fracos resultados (despedido de "Os Belenenses" e meio-da-tabela com o Portimonense SC. Após o falecimento de Pedroto cumpria-se a promessa: Artur Jorge no FC Porto.

2. Portugal teve um "treinador-poeta"
Com o FC Porto a rolar já em "módulo-directo" depois de dois anos de presidência de PdC, Artur Jorge encaixou que nem "uma luva" no Sistema. Pedroto podia ser vulgar como treinador, mas sabia o que devia ser feito para ter sucesso no futebol português, agora que começava a ser domesticado como "Futeluso"!
Se Pedroto tinha "boa imprensa" porque soube ter "os amigos certos no tempo certo", Artur Jorge tinha "boa imprensa" porque os responsáveis pelos media têm nível cultural inadequado para as funções num país ocidental. Artur Jorge era conceituado porque... escrevera um livro de "poesia" editado pelas edições de "O Jornal", em 1983, cujo nome "Vértice da água" é o melhor "verso" que o livro contém! E "contém 96 "poemas" semelhantes aos dois que o EDB divulga "mais abaixo"! Um futebolista doutor deu um treinador poeta. Portugal é lindo! Ainda que fosse o único livro e que de "poesia a sério" tenha pouco! Mas era poeta. Portugal pode não ter muita coisa, mas tinha um treinador-poeta. Nunca vi tanto elogio e lambe-botismo como o que recebeu o "treinador-poeta". Um livro que foi um passaporte, tudo se justificando a um "treinador-poeta"!

3. Começam os "apoios-extra"
Artur Jorge não teve dificuldade em "sacar" o bicampeonato nacional, ainda para mais sendo "poeta", o discípulo de Pedroto e por este referenciado como o "futuro grande treinador português"!
Em 1984/85 contou com muito "apoio-extra": Azevedo Duarte (de Braga, pai de Augusto Duarte), Raul Ribeiro (Aveiro), Francisco Silva (Faro, depois irradiado pelo presidente dos árbitros Lourenço Pinto (actual presidente da AFP) numa cilada depois de ter ameaçado em "A Bola" que iria "contar tudo"...), Raul Nazaré (Setúbal), Rosa Santos (Beja) e Fernando Alberto (Porto), entre outros árbitros.
Em 1985/86, além de Azevedo Duarte, Francisco Silva, Raul Nazaré, Fernando Alberto e Rosa Santos, entrou em cena um do "piorio" - Fortunato Azevedo, de Braga.

4. Com os ingleses banidos, abriu-se uma "janela de oportunidade"
Em 1986/87  com Fernando Martins como presidente da Direcção do "Glorioso" "abriu-se uma janela de oportunidade" para o FCP conseguir um feito inédito: ser tricampeão, algo que falhara em 1940/41 e 1979/80. O campeonato discute-se "taço-a-taco" com o Benfica treinado por John Mortimore. Mas na 2.ª volta, PdC decide: a prioridade é a Taça dos Clubes Campeões, competição que estava mais debilitada desde que a UEFA proibira os clubes ingleses de participarem nas competições europeias, depois da tragédia de Heysel, na final da TCCE, em 1984/85, quando adeptos do Liverpool FC matam 38 adeptos da Juventus FC nas bancadas do estádio da capital belga. Numa final arbitrada pelo suíço Daina que inventa uma grande penalidade, aos 55 minutos, para Platini poder fazer o 1-0 com que os transalpinos derrotaram o campeão europeu. Os clubes ingleses, que dominavam o futebol europeu, são banidos permitindo uma maior dispersão de vencedores das competições da UEFA.

Aberdeen FC-FC Porto (0-1) - A UEFA e a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) virão (em 1996) a investigar um hipotético favorecimento do FCPorto nestas meias-finais da Taça UEFA. A denúncia da alegada corrupção parte de Fernando Barata – Presidente do Farense, que admitirá ter facilitado o suborno ao árbitro Ion Igna. Em questão estão viagens de férias ao Brasil e ao Algarve oferecidas pelo FCPorto a Ion Igna.

Conforme se pode ler na Wikpedia, o arbitro Romeno IOAN IGNA no jogo FC Corruptos e o Aberdeen FC, recebeu 50.000$ para o Porto ganhar.

Isto  mesmo foi denunciado anos mais tarde por Fernando Barata, na altura Presidente do Farense,que afirmou ter sido solicitado pelo corrupto para  interceder junto das altas esferas Romenas a fim de sensibilizar o árbitro para aceder ao pedido dos corruptos. 
Fernando Barata, devido aos negócios desenvolvidos na pátria de Ceaucesco tinha relações previligiadas com as altas esferas.

Após estas denúncias de Fernando Barata o corrupto espumando ódio ameaçou com processos na justiça ao que Barata numa tirada que ficou célebre, e gosando com a situação, responde ao corrupto dizendo: "Tenho aqui no Alentejo um touro de cobrição para ele".

Nessa primeira TCE que os corruptos arrebanharam suscitou ainda muitas dúvidas a arbitragem contra o Dinamo de Kiev na altura considerada a melhor equipa da Europa.

Mais tarde chegou a direcção de arbitragem da UEFA um ex-árbitro francês de seu nome Michel Vautrot (homosexual) de que se diz ter sido o padrinho de Olegário Benquerença (bisexual) após uma palestra com os nossos árbitros realizada em Leiria. Na verdade, a carreira fulgurante deste medíocre apitadeiro dispara a  partir desse encontro.

Será também a partir dessa vinda que ele começou a receber uma avença mensal como consultor dos corruptos?

E qual a relação de tudo isto com a segunda TCE surripiada após uma arbitragem mafiosa contra o Corunha onde uma agressão em plena área dos corruptos ficou sem a devida sanção e o correspondente penalty?
No jogo seguinte com o Manchester United, a jogar no seu estadio, viu ser-lhe anulado escandalosamente um golo, que faria o 2-0. Os corruptos numa jogada de sorte empataram perto do fim e lá passaram à final.

Qual o papel do senhor Vautrot no meio de tudo isto? Foi corrido da direcção de arbitragem da UEFA, gay assumido, continuará ainda a ter as suas influências? E continuará a receber ainda a dita avença?

5. Trocar o tri pelo título de campeão europeu
Com o Benfica "ombro-a-ombro" com o FC Porto no campeonato nacional, Artur Jorge opta por utilizar os atletas em melhores condições físicas para os jogos da Taça dos Clubes Campeões Europeus nos jogos dos quartos-de-final até à final. Mesmo assim, para quem assistiu aos jogos ficaram sempre alguns "aspectos" por perceber, como a arbitragem do húngaro Lajos Nemeth em Brondby.
Depois da 1.ª mão, nas Antas, com 1-0, o FCP aos 36 minutos estava a perder por 0-1 com a eliminatória empatada. A partir daí os dinamarqueses deixaram de poder atacar. Havia sempre interrupções.
E nas meias-finais, frente à "melhor equipa europeia depois do Liverpool FC, o FK Dínamo de Kiev.Estes fizeram um bom resultado nas Antas (1-2), mas em Kiev surge um árbitro galês - Ronald Bridges que asfixiou o campeão soviético, com 1-2 a favor do FC Porto. Incrível.
As explicações viriam mais tarde... Na década de 90 do século XX e depois no século XXI. Mas isso são"cenas dos próximos capítulos". E o FC Porto foi campeão Europeu! Isso é que interessa! Mas, não foi tricampeão nacional, com o Benfica a conseguir a última "dobradinha". Dois anos depois de PdC, em 1984, ser presidente o último bicampeonato nacional para o "Glorioso"! Cinco anos depois.... a última dobradinha! O "Futeluso" crescia! Os "jornalistas" levavam no lombo!

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A Final de Viena de 1984

O doping, o túnel e a intimidação
Na ressaca da noite de Viena, após a mítica conquista para o futebol português por parte do Futebol Clube do Porto, em plena pré-época 1987/1988, começou a levantar-se entre os meios ligados ao futebol - entre os jornalistas, especialmente - uma onda de boatos sobre a anormal (excelente) condição física dos portistas. Começou por ser o que parecia apenas uma brincadeira, uma desculpa esfarrapada dos nossos colegas alemães a fim de justificarem a derrota que o poderoso Bayern tinha sofrido uns meses antes para rapidamente se tornar um alvo de investigação que acabou, na perspectiva dos jornalistas alemães, em conclusivas certezas.
Estávamos em meados de Agosto de 1987 quando, deparados com essa suspeita por parte de colegas estrangeiros, eu e mais três jornalistas portugueses decidimos, um pouco incrédulos, averiguar se havia algo de verdadeiro nas suspeitas levantadas. Não seria fácil, como é evidente, descobrir a verdade, se ela existisse. Por isso reunimos um dia num café na baixa portuense com o intuito de elaborarmos um plano de pesquisa que, no limite, nos permitisse chegar próximo de alguma informação, caso se verificassem como verdadeiras as suspeitas que os colegas estrangeiros haviam levantado. Em traços gerais, o plano era este: contactar vários antigos jogadores que teriam passado pelas mãos do médico do clube na altura, o Dr. Domingos Gomes; informarmo-nos de forma substancial sobre a capacidade efectiva de poder haver uma "mezinha" que realmente melhorasse a performance desportiva (lembro, a este propósito, que há 24 anos as questões do doping eram ainda muito dúbias e pouco esclarecedoras) e procurarmos, junto de pessoas ligadas aos vários jogadores que compunham o plantel portista dessa época, de uma forma natural (para que não fosse suspeito), saber que tipo de atletas eram esses mesmos jogadores 2, 3, 5 anos antes.
A matéria de investigação surtiu alguns efeitos interessantes - entre os quais termos descoberto que, de facto, houve, em sintonia com um tal Póvoas (hoje, um cidadão muito respeitado mas que, na época, não passava de um sujeito com reputação bastante duvidosa, envolvido em trafulhices relacionadas com propaganda médica), um conjunto de atletas que melhoraram substancialmente o seu desempenho atlético, alguns de forma quase sobrenatural, para aquelas que eram as suas características naturais. Como é óbvio, isto não chegava para fazermos um diagnóstico totalmente efectivo e muito menos para avançarmos a informação para o exterior. Nesse sentido, decidimos deixar um de nós, que vivia em Gaia, mais virado para esse assunto, enquanto os outros, que vivíamos em Lisboa, íamos acompanhando de longe e pontualmente a investigação. Entretanto esse meu colega continuava o seu normal trabalho de jornalista, acompanhando várias vezes o Porto no Estádio das Antas.
Numa delas, num Porto-Portimonense, já no final da partida, após a reportagem para uma rádio nacional, o meu colega, que estava no relvado junto à saída (o famoso túnel), foi interceptado por 3 indivíduos que faziam parte do chamado "Corpo de Segurança Privado", que mais não era do que um grupo de jagunços comandados pelo famoso Guarda Abel, e forçado a largar o seu material de trabalho, para que tivessem uma "conversinha". A conversinha foi, em termos básicos, darem-lhe uma chapada e obrigarem-no a nunca mais fazer perguntas a familiares e amigos dos jogadores, sob pena de poder vir a "acabar mal". O meu colega deu conta deste episódio à sua entidade patronal (que lhe respondeu, clara e simplesmente, que abdicasse do assunto), persistiu ainda uns tempos na investigação até que viu uma das filhas agredidas numa escola em Gaia onde era estudante, avisada a dizer ao Pai que da próxima ia parar ao cemitério.
Como é evidente, a partir desse dia dedicou-se a outras investigações mais, digamos, singelas.

É também assim, pela ameaça, pela violência, pela falta de escrúpulos, que o sistema sobrevive e evita que haja uma real investigação jornalística neste país. É também por isto, mas por muitas outras coisas, que nunca se criaram condições para que a verdade viesse ao de cima. O clima intimidatório, bélico e ameaçador, juntamente com a indiferença/submissão das autoridades locais foi e é uma das formas que o polvo encontrou para se perpetuar impunemente.

(Publicado no blogue “O Polvo dos Papalvos, um jornalista reformado, John McSmith,  adepto confesso do Sporting foi obrigado a fechar o blogue 3 meses depois de o abrir por ameaças e pressão das pessoas do Porto que se sentiram ameaçadas pelas suas revelações. Como o post acima revela).
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6. A Imprensa tuga rejubila: O treinador que "também é poeta" na cidade dos poetas, Paris
O verão de 1987 foi uma festa! Parafraseando o escritor Ernest Hemingway "Paris é uma festa"! E foi para Paris que caminhou o "treinador-poeta"! Grandes expectativas ver (e saborear) o sucesso de um"emigrante diferente porque intelectual" ao contrário das hordas de emigrantes portugueses dos anos 60 e primeira metade da década de 70. Na primeira época 1987/88 conseguiu um... 7.º lugar, isto quando se apostava num Matra Racing com grandes investimentos para ser campeão, pois o campeão europeu Artur Jorge não aceitava menos que o 1.º. Ficou em 7.º! As "responsabilidades" aumentaram para a segunda temporada. Se não o Matra Racing ficava arrumado perante os milhões investidos. Pouco depois do início da temporada foi despedido.
Em Portugal gritou-se com palavras de ordem. Franceses chauvinistas. Inveja de Portugal ter um treinador intelectual com livros (é verdade falavam no plural) de poesia! Como Artur Jorge foi campeão europeu no FCP em França boicotaram-lhe o trabalho! O Matra Racing foi-se! Para sempre! Devem gostar de Artur Jorge. Este em 20 de Novembro de 1988 já estava junto do "Querido Líder". No FCP!

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A venda de Jorge Plácido
Luciano D´Onofrio era um gangsterzinho, era uma figura envolta em algum mistério. Tanto aparecia como, quase por artes mágicas, desaparecia o que acontecia normalmente quando se adivinhavam maus momentos. Estas artes de prestidigitador livraram-no de muitos sarilhos, embora alguns anos mais tarde Luciano não tivesse conseguido evitar alguns dias de detenção num calabouço suíço, por suposta ligação a um caso futebolístico que abalou o futebol francês (Olympique Marselha). PC confiava cegamente no seu amigo Luciano.
- D´Onofrio, vamos legalizar a nossa situação montando uma empresa de compra e venda de jogadores. No meu clube só você vende e compra todos os atletas, mas podemos estender o nosso negócio até outros clubes desde que se mantenha segredo absoluto.
- Está bem, presidente, você é que manda. Um dia ainda há-se ser como Berlusconi.
Pinto da Costa não perdeu tempo.
-       Vamos já formar essa sociedade, porque tenho um negócio para ser feito já.
Na semana seguinte já estavam os dois na Suíça para legalizarem a empresa de compra e venda de jogadores.

O seu primeiro negócio foi com um clube francês (“Matra Racing de Paris”) cujo
Treinador (Artur Jorge) tinha acabado de passar pelo clube de PC.
- Temos de realizar dinheiro, porque as coisas não estão muito boas. As empresas que tenho montado têm dado uma grande barraca e levam-me o dinheiro todo. Temos o Jorge  Plácido para vender a um clube francês.

Luciano D´Onofrio arregalou os olhos e disse com espanto:
- Mas, presidente, esse jogador não tem cotação europeia.
- Não se preocupe com isso, porque quem lá está vai querê-lo.
D´Onofrio, ainda sem acreditar no que ouvia, apesar de toda a sua experiência no mundo das vigarices, perguntou:
- Como vai ser feito o negócio?
- O nosso clube vende o Plácido à nosso empresa por 60 mil contos  (300.000€) e nós vendemo-lo ao clube francês por 160 mil contos (800.000€).
- Desses negócios é que eu gosto. Ganhamos mais que o clube.
- Tenho que dar uma volta à minha vida e começar a ganhar dinheiro, porque o que já perdi não foi pouco. No futebol é que está o nosso grande negócio.
(Em “Golpe de Estádio”)

7. No aconchego andróide... é mais fácil
Em 1988/89 já não foi a tempo de corrigir os disparates de Quinito, com o FCP a classificar-se em 2.º lugar. Mas PdC tinha, ainda, muito para "dar" e, claro, queria "receber"!
Em 1989/90 foi uma vergonha colossal. Foi um "ver se te avias ou havias". Um festival de árbitros, que ficaram na história. José Silvano (Vila Real), Francisco Silva (Faro), Mário Leal (Leiria), Rosa Santos (Beja), Donato Ramos (Viseu), Pinto Correia (Lisboa), José Pratas (Évora), Bento Marques (Évora), José Guímaro (Coimbra), Jorge Coroado (Lisboa, se bem que este era conforme acordava no dia do jogo) e José Mesquita (Porto). Tudo gente fina!
Em 1990/91 só um "Super-plantel" treinado por Eriksson, tendo o Benfica orçamentado para o futebol "pelo menos o triplo do FCPorto - 3 milhões de contos versus 800 mil contos - permitiu conquistar o título, com os adeptos (e os media) descontentes: O Benfica gasta muito dinheiro para o futebol que joga!

1990 Março, 11
Dia de Clássico Benfica - FC Porto, o jogo é decisivo para as pretensões encarnadas, encaminhamo-nos para a fase final do campeonato. O FC Porto recorre ao anti-jogo durante 90 minutos para parar as iniciativas do Benfica, o árbitro da partida Veiga Trigo, complacente num sem número de lances, permite que os portistas Bandeirinha, Geraldão, João Pinto, Stéphane Demol, Branco, André, Semedo e Jaime Magalhães quebrem sistematicamente o ritmo do jogo que os jogadores do Benfica queriam impôr através de faltas sem admoestações.
Porque o FC Porto tinha jogadores especializados na cobrança de livres directos, perto de uma dezena de livres foram assinalados nas imediações da área encarnada, quase todos simulados. Valeu ao Benfica que por acaso nesse dia Geraldão até está com a pontaria desafinada. O jogo termina empatado a zero e sem qualquer admoestação para o FC Porto, que se vem a sagrar campeão.

8. O treinador-poeta de regresso a Paris
Eis que os franceses não aprendem. Artur Jorge volta a Paris para acabar com o "reinado" do Olímpico de Marselha do presidente Bernard Tapie. Com um orçamento colossal, colecciona insucessos atrás de insucessos. Em 1992/93 os marselheses conquistam o pentacampeonato francês e sagram-se campeões europeus, conquistando a Liga dos Campeões. E o PSG do "poeta" a "penar"! A época de 1993/94 ia pelo mesmo caminho quando "rebenta" o escândalo da jornada "comprada" na temporada anterior ao Valenciennes FC - para facilitar na jornada de 20 de Maio de 1993, na véspera da final da Liga dos Campeões de 1992/93. Em 22 de Abril de 1994, quase um ano depois, o Olímpico de Marselha é considerado culpado (devido ao comportamento do seu presidente) e relegado para a II Divisão. Artur Jorge e o PSG beneficiaram com o desgaste do processo de corrupção que desgastou a imagem e competitividade dos marselheses, conquistando o título.

9. Depois seguiu-se o Benfica e o despedimento
Nem vale a pena falar disto, pelo menos no âmbito destes textos relacionados com o FC Porto. Apenas uma nota. Um medíocre 3.º lugar (1994/95) e um despedimento anunciado logo no início da temporada seguinte (1995/96). Depois de destruir um plantel campeão nacional. Afinal duas notas em vez de uma!

Setembro, 9
Após marcar um penálti na final da supertaça em Coimbra, assiste-se a uma das cenas mais caricatas do futebol português. Os jogadores do FC Porto (liderados por Fernando Couto e João Pinto) correm meio campo a perseguir o árbitro.

A fuga do árbitro José Pratas e a prece de PC. Naquele que foi um dos confrontos mais quentes entre o Benfica e o  FCP, o jogo terminou com uma vitória tangencial do FCP no desempate por penalties. Com a Supertaça a disputar-se em Coimbra, a memória não promove tanto os jogadores mas a imagem do árbitro José Pratas a fugir dos jogadores do FCPorto e o presidente portista a rezar ajoelhado no relvado de Coimbra. O Benfica chegou à vantagem com um golo de Isaías num lance em que os dragões protestaram e até hoje espelha uma das cenas mais caricatas do futebol português: um grupo liderado por João Pinto e Fernando Couto em preseguição do árbitro que foge às arrecuas.
O FCPorto empatou de penalidade e o jogo foi decidido no desempate de grandes penalidades onde o Benfica chegou a estar a vencer por 3-0 e parecia encaminhado para a vitória.
Foi então que Vitor Baia cresceu na baliza. PC ajoelhou-se a rezar e os dragões acabaram por vencer por 4-3 num dos mais dramáticos desempates de penalties da história do futebol português. Os dias seguintes foram passados a discutir a “intervenção divina” das preces de PC e méritos velocistas de José Pratas.

10. Artur Jorge: O treinador-poeta com prosa de cordel
Muita parra, pouca uva! Um treinador intelectual que foi endeusado, mas que fora do clube com "apoios-extra" nunca passou da mediania. Bem... até passou. Mas para ser ainda pior, para ser medíocre! Muita sorte teve este ser em ser campeão europeu e conquistar três (2 + 1) títulos de campeão nacional. Mais um campeonato de França, na época em que decorreu o processo ao Olímpico de Marselha que desgastou este clube, levando à sua despromoção à Segunda Divisão apesar do segundo lugar no final da temporada.

11. Até final da carreira "mais do mesmo"
Classificações degradantes, despedimentos, conflitos (nos clubes e selecções). Mas ainda hoje se diz: Foi o primeiro treinador português campeão europeu (único até 2004) e publicou "poesias"! Que bem!

(Continua)

1 comentário:

  1. Esta postadela e a que se segue, é para guardar e se ler à cabeceira da cama.
    Está aqui muita leitura.

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