segunda-feira, 25 de julho de 2011

A saga continua: A MÁFIA DA PALERMO PORTUGUESA ( 8 )


Jornalistas contra o “sistema”.
“Nos anos 80 e 90, um grupo de jornalistas batalhou contra o sistema. No entanto, esta investigação foi vencida pela máquina, pela inércia e por um poder que está instituído”, revela João Querido Manha. “Tráfico de influências sempre existiu, mas as pessoas não ligaram… Arrisquei tudo para ir testemunhar a Tribunal. Sei o que é o poder do futebol. Sei como tudo se movimenta. Mas depois fiquei no meio da ponte”, acrescenta Octávio Machado…
As palavras ditas perdem-se na efemeridade de um programa de televisão, mesmo que possam ser vistas e revistas. As palavras escritas ganham uma força indestrutível.
Com palavras escritas, contamos histórias de tráfico de influências, dos braços do sistema, das pressões sobre jornalistas e da forma obscura como as direcções dos jornais recuaram na investigação.

A história conta-se num programa da TVI, moderado por Sousa Martins, que ia analisar a jornada, com as presenças de Octávio Machado, o jornalista João Querido Manha e o ex-árbitro Jorge Coroado. Mas aquela análise à jornada acaba por se transformar numa série de denúncias bem mais interessantes. 
Abriu-se o baú do passado do futebol português, libertaram-se histórias – algumas delas conhecidas, mas raramente abordadas, de forma corajosa, em programas de televisão – e contaram-se outras, ocultadas por quem se pode agora soltar das amarras do silêncio: um jornalista e um treinador fora de actividade.

O assunto era o sistema. João Querido Manha aborda a posição dos jornalistas que lutaram contra esta teia de poder. “Nos anos 80 e 90, um grupo de jornalistas, no qual me incluo, batalhou contra o sistema. Houve pessoas que lutaram muito: Rui Cartaxana, João Marcelino, entre outros. No entanto, esta investigação foi derrotada e vencida pela máquina, pela inércia e por um poder que está instituído, conta.
Querido Manha falava numa altura em que acabavam de ser publicadas escutas, em que o FC Porto corria o risco de descida. Num período bem mais actual, no qual “é mais difícil trabalhar” nas matérias de corrupção, “porque os jornalistas têm limites mais rígidos”. 
“Vieram ao de cima novos factos, novos interesses e é mais difícil continuar a encobrir. Pode haver alguma pressão para que a Justiça avance, porque jornalistas agredidos, pessoas atemorizadas, árbitros com contactos deste teor e outro [escutas do Apito Dourado] sempre existiram, nos anos 80 e 90. Agora, há matéria de facto, coisas que são crimes públicos que têm de ser investigados”, sublinhou João Querido Manha.
Octávio Machado estava prestes a abrir a sua alma, para revelar pressões que foram feitas nas altas instâncias do jornal Record e que, alegadamente, resultaram na perfeição, com acções anuladas.
“Fui dos primeiros a ir a tribunal, quando houve uma série de acções contra o jornal [Record]. 
Para meu espanto, a partir de certa altura, recebo uma notificação a dizer que todas as outras notificações que me convocavam tinham… desaparecido. Lamento que as investigações não tenham ido até ao fim. Eu propus-me a testemunhar, mas depois as pessoas chegaram a acordo e ficou tudo por ali…”, revela o ex-treinador. 
Octávio Machado denuncia que o poder da Olivedesportos esteve na base da sua saída da Selecção, apenas porque se recusou a dar uma entrevista a defender os irmãos Oliveira. Artur Jorge também é chamado à discussão.
“Quem me tirou da Selecção? Disseram-me: «Ou dás uma entrevista a dizer bem dos irmãos Oliveira, ou não és seleccionador».
Artur Jorge tinha dito que ia pedir ao Octávio para dar uma entrevista a dizer bem dos irmãos Oliveira. “Mas qual é o papel dos irmãos Oliveira na selecção nacional para eu ter de dizer bem deles? Expliquem-me!”, diz. 
Octávio Machado vai mais longe e fala das últimas décadas: “Tráfico de influências sempre existiu, mas as pessoas não ligaram… Eu tinha uma fé tremenda. Arrisquei tudo para ir testemunhar a Tribunal. Arrisquei o meu futuro e a minha carreira. Sei o que é o poder do futebol. Sei como tudo se movimenta. Mas depois fiquei no meio da ponte, quando recebi uma notificação do género: «A partir de hoje, fica tudo sem efeito».
 Octávio encerra a sua denúncia lançando uma pergunta a João Querido Manha… “Não é preciso dizer mais nada, pois não, João? Vamos ficar por aqui…”, refere. 
E Querido Manha retoma a palavra, porque percebe o que Octávio misteriosamente quer dizer: o jornal Record recuou. “Houve um recuo a nível superior, porque os jornalistas envolvidos nunca recuaram…”, garante o ex-jornalista. 
Desta história – contada perante o silêncio de Jorge Coroado –, destacam-se alguns factos: é mais do que provada a existência do sistema e há provas do "exercício" do mesmo; há pressões sobre quem o tenta denunciar; há manobras obscuras no futebol português; há uma Justiça inerte, que não tenta condenar, provavelmente também ela pressionada…
Tribunal Portuense condena, TEDH iliba
Uma pergunta de um jornalista pode dar direito a condenação? Pode, se o visado for Pinto da Costa e a sentença for proferida por um tribunal portuense…

O jornalista José Manuel Mestre (SIC), numa entrevista ao secretário-geral da UEFA, Gerhard Aigner, faz a seguinte pergunta: “Como é possível que o presidente da Liga de Clubes que, ao mesmo tempo, é presidente de um clube, se sente no banco de suplentes, à frente do árbitro, de quem era, ‘por inerência’, patrão?”.

A pergunta é feita em 1996, o que significa que o presidente da Liga é Pinto da Costa, o visado na questão… Pinto da Costa não gosta da pergunta, sente-se difamado e interpõe uma acção em Tribunal. E ganha a acção, sendo o jornalista e a SIC condenados a uma multa, pelos Juízos Criminais do Porto, decisão confirmada pelo Tribunal de Apelação em 2002.

Em 2007, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) criticou a sentença da justiça portuguesa, considerando-a “ilegítima, injusta e infundada”. Este tribunal alegou que a Justiça portuguesa “violou um direito fundamental de um cidadão” e desrespeitou a liberdade de Imprensa.
A Justiça portuguesa condenou um jornalista por este ter colocado uma questão. Uma questão inoportuna, mas uma questão. Os jornalistas, segundo a Justiça portuguesa – ou portuense– não podem ter dúvidas e colocar questões.
Mas por que razão o assunto volta à actualidade? É que a SIC e José Manuel Mestre exigem ao Estado uma indemnização de 52 mil euros, por esta condenação por difamação ao presidente do FC Porto. E assim vai o futebol português.
JORNALISTAS AMEAÇADOS
Marinho Neves
Muitos jornalistas tentaram há alguns anos atrás denunciar e expor a Máfia do futebol. Mas foram ameaçados e espancados pelos capangas do FCPorto (cujo nome oficial é Corpo de Segurança Privado).
O Corpo de Intervenção e o MAI

O inquérito do MAI indiciou o presidente PC como “mandante” de um corpo privado de segurança que incluia agentes da PSP do Porto”, escrevia Manuel Tavares no Público em Outubro de 1992.
Quando o Benfica ganhou nas Antas 2-0 em 28 de Abril de 1991, Fezas Vital e Jorge de Brito foram alvos fáceis. As agressões deram-se na porta de acesso às cabinas, numa área reservada. O que nos valeu foi haver por perto uma ambulância. Metemo-nos dentro nela, deitámo-nos no chão e estivemos assim 45 minutos. Mas onde parava a polícia?
Em Abril de 1991, depois dos incidentes das Antas, o Benfica pediu logo um inquérito ao Ministério da Administração Interna (MAI) e seis meses depois, a 9 de Outubro, o “Público” noticiava que do MAI dizem que “o inquérito está para demorar”. Nove anos depois, foi o que se viu e ouviu. A impunidade é uma doença contagiosa.
 Marinho Neves foi (é) um corajoso jornalista. Escreveu o livro “Golpe de Estádio” onde de forma romanceada ele conta a história da Máfia com nomes falsos. Antigo jornalista do Norte Desportivo e da Gazeta dos Desportos já o espancaram várias vezes para ele se calar. Colaborou com a SIC nos Donos da Bola. O livro teve algum sucesso há algum anos.
Por falar no Guarda Abel, ele está todos os domingos quando o Vilanovense (Gaia) joga em casa. Talvez ele diga algo uma vez que foi traído pelos ex-amigos do sistema. Em relação ao mesmo, ele não foi traido, mas sim “aconselhado”, mas ficou bem na vida
Todas estas denúncias foram feitas por um jornalista do Jogo.
O Reinado Teles passou as casas de alterne para o nome de um tipo que ainda não sabemos o nome, porque dá muito nas vistas visto que o Granada, Calor da Noite, Diamante Negro, entre outros, que eram os mais frequentados na altura, eram onde se faziam algumas das transações da droga.
O próprio Reinaldo Teles foi apanhado em frente à Alfândega do Porto, num Mercedes cheio de droga, mas muito agente “comeu” à custa disso e nunca se coube de nada, até um jornalista do Público ter uma “prenda” do Reinaldo Teles quando descobriu a história.
Em relação à Olivedesportos, quando o Benfica quebrou o contracto, depois do Vale e Azevedo se tornar presidente, o Guilherme Aguiar, o Pinto da Costa, Manuel Tavares (editor do jornal O Jogo), Ronaldo Oliveira (filho do Oliveira) António Oliveira (ex-treinador do Porto) e mais uns tipos reuniram-se na sala de reuniões do jornal O Jogo para tomar medidas no “sistema” para o Benfica sofrer represálias intimidatórias, tanto a nível da imprensa como a nível federativo, Liga incluida. Obviamente que esta reunião aconteceu “off the record”. As merdas mais banais eram as notícias fabricadas ou as inflamadas. Porque segundo um Jorge qualquer coisa, responsável financeiro pelo jornal O Jogo, “o Benfica é que vende”. 
 Mandaram um sócio do Porto pagar a um cunhado para este dizer que o jornal o tinha subornado para dizer mal do FCP. Este caso passou em 3 televisões.
De Jornalista para jornalista. Bons Tempos…
E aquele clássico de 1991? Bons tempos esses do Guarda Abel em que as ameaças de morte ao Presidente João Santos quase passavam despercebidas... E aquelas faixas de boas vindas, «Ides sofrer como cães», lembras-te? Talvez não, mas decerto recordas-te de Pinto da Costa ter dado ordem para impregnar os balneários do Benfica com aquele cheiro nauseabundo, o que obrigou os jogadores do Benfica a equiparem-se nos corredores e também o Eriksson a dar a palestra que tanto gostava por lá? Como Pinto da Costa disse ao Eriksson, «guerra é guerra».


Não achas que é um tanto ou quanto hipócrita os portistas andarem por aí a chamar incendiário a Luís Filipe Vieira? Nós cá achamos que sim, parece que se esquecem de episódios como os de anunciarem que o FC Porto não compareceria na final da Taça a ser disputada no Estádio Nacional (perdão no Estádio do Oeiras), exigindo que a mesma fosse disputada no Estádio das Antas... 


Por essa altura os portistas ainda foram multados pelo apedrejamento da camioneta do Sporting, depois no ano seguinte foi o acidente na bancada no Salgueiros – FC Porto, seguiram-se os incidentes com jornalistas nas Antas no FC Porto – Varzim, ainda a suspensão do jogador do FC Porto que agrediu o árbitro num jogo da UEFA, isso pouco antes dos incidentes de violência no FC Porto – Sporting em hóquei em patins.

Pouco depois foi a violência no FC Porto – Boavista, o corte de relações entre o FC Porto e o Sporting e o Boavista, e como os teus ex-colegas já andavam a falar demasiando deu-se a proibição da entrada de jornalistas do Record nas Antas. 


Belos tempos, e quando o avançado Cadorin do Portimonense revelou que D'Onofrio lhe prometera 500 contos e uma transferência para o FC Porto ou um clube da Itália ou da Suíça se Cadorin provocasse um penálti no início do jogo Portimonense-FC Porto? E como esquecer os incidentes de violência na Académica – FC Porto de 1986? Até nos esquecemos de te dizer, começamos a enunciar todos estes acontecimentos e ainda só sintetizamos muito resumidamente 4 belos anos da era Pinto da Costa...
Esperamos que não te importes.

Mas continuando, e quando o Carlos Pinhão de A Bola levou umas pinhas no final de Beira Mar - FC Porto por elementos ligados ao FC Porto? Aí era só aviar nos teus homólogos, pouco depois foi outro jornalista agredido por um jogador na carrinha oficial do FC Porto. E recordas quando o dirigente do Belenenses foi agredido por elementos da comitiva do FC Porto? Não sabemos se merecia, lá isso é verdade... pela mesma medida levou o jornalista de A Bola em 1989, dessa feita não lhes chamavam stewards, eram apenas seguranças do FC Porto.

Isto assim de cabeça...
Não vale a pena alongarmo-nos mais, ainda nem chegámos a 1990, queres acreditar nisto? Curiosamente o líder lá de cima era o mesmo de agora. Compreendemos que possas estar de alguma forma confundido com a tal do denominador comum do comunicado do ano passado, eles são efectivamente bons a passar boatos, queres acreditar que ainda hoje temos o rótulo de Clube do Regime e muitos acreditam piamente que o Calabote nos beneficiou intencionalmente?


De facto achámos enternecedora aquela entrevista de Pinto da Costa à Revista ‘Mais Alentejo’, contámos por aqui 3 pacotes de lenços... Pinto da Costa agora quer fazer as pazes, é isso? Olha que deve ser por causa do clássico, convém começar a alinhar os réus no caso de haver molho, assim só culpam o homólogo, não será? Também defendes uma reedição do que tívémos com Manuel Damásio, pondo de parte princípios? Parece que sim, ou isso ou estarmos calados, depois da algazarra de tantos papagaios azuis queres ver que o LFV enquanto Presidente do Benfica ainda vai pagar as favas?


Olha, sabes que mais, estamos capazes de prolongar isto mais uns minutinhos, a ver se contribuímos para separar as águas, é que colaborar com o Record deve baralhar, parece que somos todos facciosos e parecidos, não é? Pois bem, a ver se isto contribui para a terapia...


Aquele gajo do círculo do FC Porto, Lourenço Pinto, sabes quem é? Lembras-te quando ele era presidente do Conselho de Arbitragem e entrou no balneário do árbitro e ordenou que lhe fosse entregue um envelope com 2 mil contos? Que grande filme que foi! Nesse ano de 1990 ainda assistimos a incidentes de violência no Portimonense - FC Porto, aos dramas relativos às classificações dos árbitros e às insinuações de corrupção...
Nem o hóquei escapava, recordas os 2 jogadores do FC Porto que jogavam dopados? Lá pagou o massagista... Imagina o que seria o Laurentino Dias nessa altura... bem, na volta como anda a vetar o Ricardo Costa e a apoiar o Guilheme Aguiar se calhar até se coíbia de apoiar os amigos da Comissão Anti-Dopagem.

Ainda te lembras da violência no Farense - FC Porto? Se calhar não, e da condenação de 2 agentes da PSP a 7 anos por tráfico de droga, um deles, António Barbosa, conhecido por "Tomé mal", antigo elemento da segurança do FC Porto? 


Temos de dar razão ao André Villas-Boas numa coisa, caricato e ridículo foi aquele grupo liderado pelo João Pinto e Fernando Couto em perseguição ao árbitro José Pratas no FC Porto – Benfica, a contar para a decisão da Supertaça Cândido de Oliveira de 1992. 


E os black outs? Recordas-te da proibição da entrada de jornalistas nas Antas por essa altura? Aí não havia AACS, e se falassem muito ainda levavam por cima. Andavam todos embevecidos pelo humor pútrido da altura, recordas as declarações de Pinto da Costa a desvalorizar as agressões a jornalistas e a dizer que ia abrir um hospital? 


Ficávamos aqui o resto do dia, entre as agressões do Leixões – FC Porto, FC Porto - Desp. Chaves, Beira Mar - FC Porto, por essa altura só havia umas tímidas entrevistas de João Santos, a denunciar actividades ilícitas dos "Guarda-Costas" de Pinto da Costa e a comentar os processos de averiguações em curso, que nunca davam em nada, lá isso pouca coisa mudou entre 1992 e 2010, o Apito Dourado é apenas uma das provas vivas disso.


4 comentários:

  1. estou muito agradecido ao AndyCapp e aos restantes companheiros por tudo o que fazem aqui no blog.
    isto representa muito para o povo portugues e para todas as pessoas de bem e com valores.
    portugal é um belo país e com muito potencial, mas a corrupção que existe sufoca tudo isso e o resultado é este que se ve, é este estado em que se encontra o país.
    muito obrigado meus caros, continuem, portugal precisa de voces, sem medos, pela verdade e justiça.

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  2. queremos acabar com a corrupção e com a batota no futebol portugues.
    queremos eliminados todos os corruptos e expulso esse dito "clube" mas que não passa de uma organização criminosa, de uma máfia, de todo o desporto nacional e internacional.
    continuem caros honrados senhores, contra tudo e contra todos, pela verdade desportiva.

    o Benfica e os Benfiquistas estão convosco.

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  3. A isto se chama serviço público ao serviço da Nação e do futebol.

    Força companheiros

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  4. Todo o artigo, comentários incluídos, está excelente. Só não achei bem mencionar três dos mais aguerridos amigos do sistema corrupto, dois deles também corruptos por omissão, Octávio Machado e o execrável Coroado. O tal sr. Manha ainda hoje se nota qual é a sua tendência; estes não enganaram nem enganam ninguém, por isso, perdem toda a credibilidade para serem citados como adversários do Sistema. Perdoai o reparo, só neste ponto.

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