quinta-feira, 12 de junho de 2014

(Historias Corruptas ou os Corruptos da História) A MÁFIA DA PALERMO PORTUGUESA (111)


O Projeto Roquette (PR)
E tudo começou…

Pinto da Costa soube (num estudo de mercado) que a diferença entre FCP e SLB era tão grande – em número de simpatizantes e amor aos clubes - que não seria possível ultrapassar o Benfica mesmo com o FCP “mais organizado”. A solução seria manter o Benfica desorganizado para vencer mais competições que o Benfica. José Roquette soube (numa sondagem) que a dimensão do Benfica era incomparável e mesmo com o Sporting CP a ter maiores percentagens (mesmo assim minoritárias) entre adeptos nas classes mais altas (daí a célebre frase – os sportinguistas têm mais Mercedes e BMW’s - por isso mais dinheiro) não seria possível competir de igual com o SLB.

Tal como aconteceu ao Leça FC, FC Felgueiras, SC Salgueiros e Boavista FC eis que se aproxima o início da decadência do Sporting CP.

A estratégia conjunta Pinto da Costa/ José Roquette em 1999/2000 (denunciada por João Rocha do Conselho Leonino e, publicamente, numa entrevista ao Record, em 15 de Fevereiro de 2006) visava apoio mútuo no sentido de isolar e enfraquecer o Benfica levando-o ao declínio sem retorno. Os dois clubes deixariam de se digladiar/estigmatizar, promovendo troca de futebolistas de modo a dar uma imagem de convergência, com benefícios e interesses mútuos. O SCP apoiaria o FCP para ser o maior clube português, capaz de ombrear com os colossos europeus. O FCP apoiaria o SCP, para na Grande Lisboa e Centro/Sul se impor relativamente ao Benfica.
Objectivos: o FCP seria o maior clube português e o SCP seria o segundo maior. O Benfica perderia força desportiva e, depois, enfraquecimento social.

O acordo era importante para o FCP que podia utilizar o SCP para ultrapassar o Benfica e… fundamental para o SCP por que garantia a sobrevivência, pois já não tinha capacidade para conquistar o Campeonato Nacional (último em 1981/82 e apenas seis nos últimos 40 anos!).
Só que Pinto da Costa e José Roquette mais a corja de acólitos de ambos os lados, não contavam – porque não eram Benfiquistas  – que o Benfica é eterno, por que está no coração dos portugueses. E com tantos milhões de simpatizantes encontrará, sempre, quem consiga fazer do Clube o que lhe está destinado desde que foi pensado no final de 1903, ser o mais importante em Portugal.

Com a cortina de fumo, “Encontros Para Aproveitar Sinergias na Construção dos Novos Estádios”, Roquette e Pinto da Costa, estabeleceram um plano para o futebol e modalidades.
O FCP e SCP não se digladiariam publicamente, trocariam jogadores e actuariam de forma concertada de modo a desgastar o Benfica. Na prática o FCP seria mais vezes campeão nacional (em anos de infortúnio, com tudo a correr mal e bem ao SCP, o SCP poderia ser campeão nacional), mas o SCP garantiria o 2.º lugar, pois tentariam isolar o Benfica de modo a dificultar o acesso deste aos lugares (1.º e/ou 2.º) de qualificação para a Liga dos Campeões, onde haveria o “perigo” de fazer dinheiro e tornar-se “perigoso”.

O SCP e o FCP teriam modalidades complementares enfrentando o Benfica em todas. Apenas teriam em comum o Andebol (por serem os dois clubes históricos que introduziram a modalidade - Andebol de Onze - em Portugal, em 1931. E que a praticam ininterruptamente desde esse ano, ao contrário do Benfica que começou em 1932 (8 de Maio) e interrompeu três temporadas, entre 1939/40 e 1941/42. O SCP abdicou do Basquetebol, Hóquei em Patins e Voleibol. O FCP assumia não criar a equipa de Futsal, nem investir no Atletismo. O Voleibol do SLB seria confrontado pelo SC Espinho, com amplo apoio na FPV sediada no Porto. Se houvesse tentativas de adeptos fazerem ressurgir qualquer modalidade - no caso do SCP com adeptos menos "controlados" que os do FCP - as secções seriam autónomas sem qualquer apoio financeiro e logístico das Direcções de SCP ou FCP. Até a "integração" em 2014/15 da secção autónoma de Hóquei em Patins do SCP mostra que o Projecto Roquette faliu!

Numa primeira fase – até os ingénuos dirigentes do Benfica se aperceberem – ambos iriam tirar benefício do acordo, com “o FCP a ganhar como nunca ganhara até aí” e o SCP ficaria “com algumas migalhas (em troféus), mas garantiria retorno financeiro” ou seja, as verbas que, pela lógica da dimensão dos clubes, estariam reservadas ao Benfica, por ficar em 1.º ou 2.º lugar, se não houvesse “o tal acordo”.
                                                         
O SCP conquistou as “migalhas” que lhe foram destinadas, até Dias da Cunha, em 13 de Fevereiro de 2004, numa entrevista na RTP1 ter dito: “Pinto da Costa e Major (Valentim Loureiro) são os rostos do Sistema”. De protegido passou a odiado, por que não só dizia a verdade como se sublevava (como sportinguista) e emancipava (do Projecto Roquette).  

Foi o seu “fim”! Más classificações e contestação dentro do núcleo duro do PR, entre eles, Filipe Soares Franco, que acabaria de lhe suceder para colocar o Sporting CP, quatro épocas consecutivas, na dianteira do Benfica… e na Liga dos Campeões. O PR voltava a vigorar… em pleno. Benfica em quatro épocas consecutivas atrás do Sporting CP? Em 77 edições do Nacional, só entre 1950/51 e 1953/54, nos quatro títulos consecutivos do SCP! Onde isto, já, chegou!

A incapacidade do Benfica para perceber o que se passava na realidade, até deixar-se enganar, permitiu ao FCP dominar em Portugal e conquistar títulos europeus. O FCP engrandeceu-se mas dizimou o SCP.

Se o SCP faliu, o FCP nunca na sua história conquistou tanto como nas últimas doze temporadas.

II. Com o Benfica em dificuldades o Projecto Roquette (e a parceria com o FCP) resultou em pleno, permitindo com um folgado FC Porto (com Pinto da Costa alheado, embevecido por Carolina Salgado, a passar semanas sem frequentar as Antas “presidindo” por bilhetinhos) ao SCP conquistar dois títulos de campeão nacional, com o “Glorioso” em 6.º e 4.º lugar, afastado não só da Liga dos Campeões como das competições europeias. Afinal, o PR resultava e até parecia que era o Sporting CP a surgir como maior clube português. Eis que surge um factor imprevisto.

O presidente do Sporting CP, Dias da Cunha (cooptado em 1 de Agosto de 2000) “revolta-se”e com o “Rei na Barriga”, risca do acordo a subserviência do SCP ao FCP dando nomes aos rostos do Sistema: Pinto da Costa e Valentim Loureiro. Estávamos em 11 de Novembro de 2002. Os “rostos do Sistema” não lhe perdoam – Sporting CP passa de dois títulos de campeão nacional em três temporadas a 3.º classificado, com o Benfica mais organizado devido à acção de Manuel Vilarinho e Luís Filipe Vieira (na SAD) a conseguirem o 2.º lugar, numa época (2003/04) onde houve viciação – audível – de jogos como provaria o Processo “Apito Dourado”.

E o melhor ainda estava para vir. Em 24 Abril de 2004 surgem as detenções de várias pessoas devido às escutas do Apito Dourado, com muitos árbitros comprometidos, sem saberem o que “iria dar o Apito Dourado”. Em 2004/05, as arbitragens deixam de proteger o FC Porto, é só fazer a correlação entre as amostragens de cartões amarelos e vermelhos aos portistas, antes e depois… O futebol do Benfica bem dirigido (com experiência e juízo…) por Trapattoni, consegue para o clube o 31.º título de campeão nacional. Quem foi “borda-fora”? Dias da Cunha que havia “desafiado o Sistema”!

Depois, com os sucessivos arquivamentos dos processos do Apito Dourado, tudo voltou ao normal, com FC Porto campeão e Sporting CP – de regresso à subserviência, com Soares Franco – em 2.º lugar (ou vice-campeão), como eles gostam de se intitular. 

O SCP, mesmo subserviente, nada pode fazer frente ao Benfica tal a diferença de dimensão. O FC Porto é que ficou a ganhar, pois conseguiu abrir uma frente dupla ao Benfica, como é visível nos programas tripartidos nas TV’s em que são sempre dois contra um, excepto quando há FCP vs SCP. Adeus Sporting… Fizeste o jogo deles. Foste enganado e enganaste-te. Agora é tarde demais.

A CS Portuguesa
A imprensa portuguesa, mas também a rádio e televisão, se bem que mais difícil de reproduzir pela forma de difusão, são verdadeiramente caricatas. São capazes de tudo e servirem-se de tudo e todos para sacarem dinheiro aos incautos. Repare-se no que foi escrito em 4 de Dezembro de 2011: “A luta pelo título está acesa, como há muito não se via, e é bem possível que tudo seja resolvido por quem chegar a esse período de incontornável desgaste e estiver melhor física e mentalmente. Uma curiosidade: quem está em todas as frentes e com excelente comportamento é o Sporting.

Blá, blá, blá… Eram resmas e resmas de papel a criar a ilusão nos sportinguistas, de que o SCP – escondendo que o clube teria, ainda, de ultrapassar as jornadas mais difíceis - podia ser campeão nacional.

E depois de tudo o que se escreveu, eis o que se escreve, pouco mais de um mês e quatro jornadas depois, em 17 de Janeiro de 2012: “É tão fácil criar ilusões no futebol como sofrer desilusões. E como é grande a desilusão dos adeptos leoninos que chegaram a pensar numa época de luminoso regresso à sólida e persistente discussão do título.”
Blá, blá, blá… Inqualificável! Vergonhoso!

Os "jornalistas portugueses" são um caso à parte. Hilariante! Pensam eles que podem usar "prosa redonda" para falar do acessório sem falar do essencial, porque os pacóvios que lhes pagam diariamente os comes-e-bebes + alojamento não atingem o Olímpo onde se refastelam. 

Julgando-se imortais guardam para eles as informações que lhes garantem poder entre os mortais. O azar é que os imortais também morrem. Lá se vai o poder (afinal efémero) e as informações que julgavam ter em exclusivo. Tristeza não tem dó!

III. Uma das últimas acções públicas de João Rocha foi a forma atenta e corajosa como lutou contra o "Projecto Roquette". Sportinguista verdadeiro lutou contra praticamente todo o Conselho Leonino (CL) e assembleia geral (AG) do Clube. Quando faleceu muitos do que o criticaram no CL e AG elogiaram-no. Gente sem vergonha!

Foram poucos os sportinguistas que se insurgiram no Conselho Leonino contra esta subserviência do SCP ao FCP. Um dos poucos foi João Rocha, como deu conta numa entrevista ao “Record”, meia dúzia de anos depois, mas da qual os “jornalistas” portugueses não ligaram, por medo, desprezo ou incompetência. Por que estaria João Rocha indignado se Roquette conseguira colocar sempre (com o FCP) o SCP na Liga dos Campeões? Isto era "mau" para o SCP?

João Rocha mostrou-se indignado, não pelo facto do pacto permitir ao SCP superiorizar-se ao Benfica, mas sim por quatro motivos:
1. A falta de ética do Projecto Roquette, ao estabelecer um plano maquiavélico, unindo dois clubes (FCP+SCP) para afastar outro (SLB) de competições desportivas, numa estratégia político-económica, extra competência desportiva;
2. A subserviência do SCP ao FCP, admitindo que este era superior, num tempo (finais dos anos 90) quando as sondagens acerca das simpatias clubísticas davam emparelhamento entre os dois clubes (cerca de 21 por cento);
3. O "beijo da morte dos portistas aos sportinguistas", condenando para sempre (pelo menos a longo prazo) o SCP, pois o FCP iria crescer desmesuradamente à custa do enfraquecimento do SCP. O definhamento do SLB seria sempre uma incógnita face à certeza anterior.

4. O rebaixamento dos dirigentes do SCP perante os do FCP, quando ele passara o seu mandato a "combater as estratégias intriguistas e ilegais de Pinto da Costa". E foi por isso - por perceber que não conseguia derrotar Pinto da Costa, que entretanto - em meados dos anos 80 - estabelecera boas relações com o presidente do SLB, Fernando Martins, que João Rocha decidiu abandonar o SCP (1986) por não encontrar meios para fazer do SCP uma potência do futebol, virando-se para as modalidades;
“Uma das razões que me levou a abanadonar a presidência do Sporting foi não saber gerir o clube por processos pouco ortodoxos”. João Rocha.


João Rocha? Um senhor! Sempre de cabeça levantada! Teve uma vida e viveu-a com dignidade

IV. Aparentemente o FC Porto e o Benfica têm uma "aliança" com uma dúzia de anos para afastar o SCP da conquista de troféus. Eu diria de outro modo. O SCP há um pouco mais de doze anos decidiu "suicidar-se" desportivamente ao colocar-se nas mãos do FC Porto através do Projecto Roquette. Como se esperava o Projecto Roquette deu-lhe alguns triunfos aquando da sua implementação, mas depois ao fazer definhar o clube de José Alvalade/ Francisco Stromp atirou o Sporting CP para uma subalternização da sua inteira responsabilidade.


O SCP bem se aviou com o Projecto Roquette
Agora queixam-se. Até falam em 12 temporadas. Mas há 12 anos (2001/02) conquistaram o último título já alicerçado no entendimento com o FC Porto. Dias da Cunha provocou alguma inconstância quando com aquele grau de imprevisibilidade que o caracteriza nomeou os "Rostos do Sistema" irado por ter o campeonato de 2004/05 "quase-ganho" através de Pedro Proença - no FC Penafiel - SL Benfica - e ter falhado Ricardo & Paraty naquele cabeceamento de Luisão! O Benfica respirou mas com Dias da Cunha "borda-fora" voltou o Projecto Roquette com Soares Franco & Paulo Bento a ficarem quatro vezes em 2.º lugar apoiados nos quatro campeonatos consecutivos do FC Porto. Com Bettencourt e Godinho a não servirem a Pinto da Costa, como se percebe, em relação a Bettencourt nas escutas do "Apito Dourado" dá-se o "Beijo da Morte" do FCP no Sporting CP. Que agora faz Bruno Carvalho esbracejar e estrebuchar.

Até o Beijo da Morte surtir efeito...
Quem mais beneficiou com o Projecto Roquette foi o FC Porto como João Rocha percebera. O Sporting CP também foi conseguindo alguns triunfos, mas que foram escasseando. O Benfica, afinal, era mais difícil de vergar do que "eles" pensavam. O "Glorioso" é uma montanha de pedra. Podem tirar umas "lascas" mas é impossível desmantelar milhões de biliões de toneladas em "Paixão & Emoção".

Quem mais beneficiou com o Projecto Roquette foi o FC Porto. Se dividirmos as últimas três décadas em antes (aPR) e depois (dPR) do Projecto Roquette, o Sporting CP pouco beneficiou, a não ser no início diluindo-se depois. No dPR, o FC Porto conquistou mais quatro troféus, incluindo quatro troféus internacionais. O Benfica os mesmo onze, se bem que, menos um campeonato nacional e menos três Taças de Portugal. O Sporting CP beneficiou nos primeiros tempos, regressando à conquista de campeonatos nacionais (depois de 1981/82), mais duas Taças de Portugal e mais duas Supertaças, muito à conta de finais com o FC Porto. Depois, e rapidamente, tudo acabou! Como seria de esperar. Como João Rocha percebeu! Bruno Carvalho!? Agora é tarde!

Tenho a impressão que vou reviver em 2014/15 as últimas cinco temporadas dos anos 70!

SL BENFICA tem de vencer o Bicampeonato para dar significado histórico à 33.ª conquista em 2013/14. Que não pode significar o que significam os títulos de 1993/94, 2004/05 e 2009/10. Interromper Bis, Tris, Tetras e tretas do FCP, mas sim iniciar sequências compostas de dois ou três campeonatos consecutivos para o "Glorioso"!

FC Porto vai "mexer todos os cordelinhos" para não permitir ao Benfica o perigoso ressurgimento com a conquista de mais de um título em sequência, tal como foi conseguido desde que o actual presidente do FCP é... presidente - títulos isolados: 1986/87, 1988/89, 1990/91, 1993/94, 2004/05 e 2009/10.

Sporting CP percebe que já não tem capacidade financeira (como SLB e FCP), nem capacidade de influenciar entidades ou manipular resultados (como o FCP) e vai ser obrigado a prometer o título - o 2.º lugar em 2013/14 foi bom, mas um 3.º dava expectativas mais baixas - mas enquanto promete o título impossível - terá que ultrapassar, em simultâneo, não um mas dois clubes com mais condições - vai criar manobras de diversão para justificar a falta de dimensão. Vai ser um fartote, logo na pré-época de Julho a meados de Agosto. E depois com a competição "a doer" vai ser um festival Bruno Carvalho!
(in, “Em Defesa do Benfica”)

Nas mãos de fundos e offshores
Há jogadores do FC Porto que estão parcialmente nas mãos de empresas holandesas, luxemburguesas, inglesas e maltesas. Há 20 jogadores do Benfica no fundo de futebolistas criado pelo clube e o Sporting cedeu percentagens dos direitos económicos de 15 jogadores ao seu fundo e de sete a um fundo sediado na Irlanda. Esta é uma realidade cada vez mais frequente no futebol português e, numa altura, em que se discute o recurso a este instrumento que serve para obter liquidez, o PÚBLICO fez um levantamento dos principais parceiros dos três "grandes".
Um dos negócios mais curiosos envolve João Moutinho. O FC Porto comprou o passe do médio ao Sporting em Julho de 2010 por 11 milhões de euros e três meses depois vendeu 37,5% a uma empresa holandesa chamada Mamers B.V, por 4,125 milhões. Segundo os dados obtidos pelo PÚBLICO na base de dados de empresas D&B, esta sociedade é detida por uma fundação (“Stiching Mamers”), cujos corpos directivos são o empresário português António Fernando Maia Moreira de Sá e o filho Flávio Moreira de Sá. António Moreira de Sá é um empresário do Norte do país com interesses na construção civil e também membro suplente do conselho superior do FC Porto (um órgão consultivo do clube).


O PÚBLICO questionou a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) para saber se existe alguma incompatibilidade, algo a que o órgão regulador respondeu negativamente: "Nessa data, António Fernando Moreira de Sá não integrava os órgãos sociais da Futebol Clube do Porto - Futebol SAD." O PÚBLICO também tentou obter uma explicação do FC Porto (que recusou responder a perguntas) e de António Moreira de Sá, que não se disponibilizou para falar.


As movimentações em torno do passe de João Moutinho, porém, não ficaram por aqui. A dado momento (entre Outubro de 2010 e Agosto de 2011), esses 37,5% dos direitos económicos de Moutinho foram cedidos ao “Soccer Invest Fund”, um fundo registado na CMVM cujos nomes dos accionistas não são conhecidos publicamente (só o regulador sabe quem são). Este fundo é gerido pela “MNF Gestão de Activos”, uma empresa que tem entre os seus administradores João Lino de Castro, que à data da venda de Moutinho ao FC Porto era secretário da mesa da assembleia-geral do Sporting e em Setembro de 2010 foi cooptado para a administração da SAD leonina, então presidida por José Eduardo Bettencourt. Em Agosto de 2011, o “Soccer Invest Fund” vendeu 22,5% do passe de Moutinho ao FC Porto, por 4 milhões de euros, ficando com 15%.

Também aqui a CMVM recusa a existência de qualquer incompatibilidade, até porque "na data em que foi comunicada esta transacção entre o “Soccer Invest Fund” e a Porto SAD, João Lino de Castro não integrava os órgãos sociais da Sporting SAD." O PÚBLICO também tentou ouvir o ex-administrador leonino, mas não foi possível.



Que fundos?


Na cada vez mais comum partilha de direitos económicos de futebolistas com terceiros podemos distinguir dois tipos de parcerias: uma são os fundos de jogadores registados na CMVM e as outras são negócios pontuais com empresas nacionais ou estrangeiras.

O Benfica e o Sporting constituíram fundos próprios, que são supervisionados pela CMVM e ambos geridos pela Espírito Santo Activos Financeiros (ESAF), uma empresa do BES. Publicamente não são conhecidos os investidores nestes dois fundos, embora a ESAF e a CMVM saibam quem são.

No caso do Benfica Stars Fund (40 milhões de euros), o relatório e contas revela que há seis investidores, um com mais de 25%, quatro com quotas entre 10 e 25% e um com uma parcela abaixo dos 2%. Oficialmente sabe-se apenas que clube da Luz detém uma parcela de 15%.

Paulo Gomes, membro do conselho de administração da Ongoing Internacional, admitiu ao PÚBLICO, em Outubro de 2009, que a empresa detinha uma participação no fundo do Benfica."Temos uma participação razoável, mas não somos o maior", afirmou o administrador - fonte do mercado estimou que a participação rondará os 15 a 20%.
Joe Berardo também confirmou ao PÚBLICO a sua participação, afirmando que investiu inicialmente um milhão de euros e que não tem a certeza se reforçou essa parcela. "Só sei que não vendi. É um investimento cultural."



Pouca informação


No caso do fundo do Sporting (15 milhões de euros), não se conhece nenhum investidor e o número de participantes só será divulgado no primeiro relatório e contas. Já o FC Porto cedeu os passes de alguns jogadores ao já referido “Soccer Invest Fund”, que tem apenas um investidor, segundo o último relatório e contas.

Fora da alçada da CMVM, embora o regulador supervisione os negócios efectuados pelas SAD, há várias parcerias. O Sporting cedeu parcelas dos passes de sete jogadores a um fundo sediado na Irlanda, que está ligado a Peter Kenyon, antigo director-geral do Chelsea e Manchester United.

O FC Porto, no entanto, é quem tem mais ligações ao exterior. Segundo os dados recolhidos pelo PÚBLICO, o clube portista tem, ou teve, parcerias com empresas sediadas na Holanda, Luxemburgo, Malta e Inglaterra. Em muitos casos, sabe-se pouco sobre estas empresas e o clube também não fornece dados sobre os parceiros. Questionada pelo PÚBLICO sobre se investigou as empresas que têm sido parceiras das SAD portuguesas, a CMVM respondeu que "não se pode pronunciar sobre esta matéria".

A “Pearl Design Limited”, sediada em Inglaterra, tem 25% do passe de Walter e é gerida por um empresário português, Mário Jorge Queiroz Castro, igualmente administrador de várias empresas em Espanha e Portugal. A agência Bloomberg chegou mesmo a noticiar que a UEFA estava a investigar este negócio, algo que foi depois desmentido pelo organismo que gere o futebol europeu.

O parceiro mais recente do FC Porto é o “Doyen Group Investments”, uma empresa sediada em Malta, que adquiriu 33,3% dos passes de Mangala e Defour. Esta empresa está ligada ao Doyen Group, a quem o PÚBLICO perguntou quem são os seus accionistas, mas não obteve resposta. O Doyen Group patrocina as camisolas de alguns clubes espanhóis (Getafe, Atl. Madrid e Gijón), tendo igualmente, segundo o diário espanhol El País, adquirido parcelas de jogadores como Pedro de León, Negredo, Reyes ou De Gea. O presidente do Getafe chegou a dizer publicamente que este fundo é gerido por empresários portugueses, mas não se sabe quem são. De outras empresas, como a Gol Luxembourg (que comprou 35% de James Rodríguez), a Maxtex (que deterá 5% do passe de Hulk) ou Jazzy Limited (que teve metade de Ramires), não foi possível recolher muita informação, mesmo em bases de dados de empresas.



Lucros?


O recurso a fundos e parcerias é, acima de tudo, uma forma de obter liquidez, numa altura em que o crédito bancário escasseia. No que diz respeito a lucros, há negócios e negócios. O Sporting, por exemplo, lucrou com a passagem de Jeffren, Capel e Rinaudo para o seu fundo. Por exemplo, o clube de Alvalade comprou o passe de Jeffren em Agosto de 2011 por 3,75 milhões de euros e vendeu 25% ao fundo, em Setembro, por 1,375 milhões - se fosse ao preço de compra, um quarto do passe valeria somente 937.500 euros.

Em sentido contrário, o Sporting pagou 8,850 milhões de euros por Elias, mas a metade vendida ao fundo Quality Football Ireland valeu apenas 3,850 milhões (e não 4,425 milhões). O FC Porto, por exemplo, vendeu 37,5% de Moutinho por 4,125 milhões de euros em Outubro de 2010 e quase um ano depois, quando recomprou 22,5%, já o fez por quatro milhões, bem mais caro do que havia vendido. (in, Publico).

FCP obrigado a vender Mangala e Jackson
Caso transfira Mangala e Jackson Martínez, o FC Porto estará obrigado a proceder à liquidação de um empréstimo bancário de 30 milhões de euros "imediata e antecipadamente".
A necessidade de o FC Porto vender um ou dois dos seus principais ativos até ao final de junho já era conhecida, mas o relatório e contas intercalar da SAD portista, declarado no início da semana à CMVM, acrescenta um novo dado: a verba da eventual venda de Mangala (a SAD tem 56,67% do passe) e de Jackson Martínez (100%) já tem "destinatário", nomeadamente a liquidação de um empréstimo bancário.
Segundo a informação disponibilizada pela Futebol Clube do Porto - Futebol, SAD, o emblema portista tem a liquidar, até ao final de outubro, um empréstimo a uma entidade bancária de 30 milhões de euros, em duas prestações: 23 milhões em julho e o restante em outubro. O FC Porto já tinha comunicado, anteriormente, que os passes de Mangala e Jackson foram dados como garantia, mas a atualização trimestral revela a existência de uma cláusula de obrigatoriedade.
"Caso a Empresa aliene, ceda ou transfira a propriedade dos direitos económicos dos passes dos jogadores Mangala e Jackson Martinez que detinha à data de abertura do financiamento antes do término da maturidade do mesmo, está obrigada a liquidá-lo imediata e antecipadamente", revelam os dragões.
Perante a necessidade de conseguir mais valias superiores a 40 milhões de euros até final de junho, de modo a cumprir com o orçamento (o prejuízo da SAD situava-se, no fim de março, nos 38,7 milhões de euros), a SAD portista estará forçada a vender, uma vez que o saldo de mais valias neste exercício situa-se nos 10,585 milhões de euros, essencialmente pelas vendas de Atsu, Otamendi e de 25% do passe de Walter, segundo o relatório, ainda sem incluir os encaixes com Castro e Juan Iturbe. (In, DN).

Controlinveste à Rasca
A administração da Controlinveste Conteúdos, a nova designação oficial do grupo que até há pouco tempo era liderado por Joaquim Oliveira, quer reduzir os custos operacionais entre cinco a seis milhões de euros por ano e prepara alterações para breve em alguns dos seus produtos editoriais. Detentora de sete jornais, entre os quais, o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias e O Jogo, de várias revistas, de uma estação de rádio (TSF) e de seis canais de televisão por cabo, a Controlinveste espera baixar os custos operacionais do grupo, reduzindo o tamanho dos diários, que vão também contar com um novo grafismo.
Mas a redução dos custos não se fará apenas à custa do papel. A estratégia que está a ser desenvolvida pelo grupo prevê também uma redução do número de colaboradores que ainda não está definitivamente quantificada. Mas ao que o PÚBLICO conseguiu apurar, a estratégia passará por afectar um milhão de euros para despedimentos, que ocorrerão nos vários projectos editoriais. “Vamos continuar a contar com as pessoas que têm qualificação e que se encontram motivadas”, disse ao PÚBLICO fonte da Controlinveste, referindo não haver ainda uma ideia do número de colaboradores a dispensar. “Há vários cenários que estão devidamente quantificados, mas não têm ainda uma força tal que possamos apontar um número já. Daqui a um mês, haverá, muito provavelmente, uma ideia”, disse a mesma fonte.
As primeiras mudanças nas diferentes plataformas devem começar a surgir em meados ou finais de Junho, ou seja, quatro meses depois de os empresários António Mosquito e Luís Montez terem entrado para o Grupo Media Controlineste. Os dois novos accionistas têm uma participação conjunta de 42,5%, 27,5% para Mosquito; e 15% para Montez. O novo plano estratégico para o grupo começou a ser desenhado a partir do momento em que ocorreu a injecção financeira proporcionada pela entrada dos novos accionistas. O reposicionamento e relançamento das marcas do grupo e a implementação de uma reestruturação interna para reduzir custos são duas das prioridades da nova administração. O projecto de reestruturação que está em curso no Grupo de Media da Controlinveste conta com a participação das várias equipas, desde as editoriais e digitais às de distribuição marketing e comercial. A administração está a estudar mudanças relativamente a todas as unidades operacionais. O objectivo é reduzir custos e, ao mesmo tempo, tirar partido das marcas do grupo, mantendo e até melhorando a sua qualidade editorial.
A estratégia que está a ser desenvolvida vai dar uma grande importância ao digital, mas o produto em papel continuará a ter uma “relevância muito grande”. “A nossa aposta no digital será muito ambiciosa, mas terá de ser feita no desenvolvimento da plataforma em papel, que continua a ser um esteio na estratégia multiplataforma do grupo”, declarou a mesma fonte da Controlinveste.


A Sport TV vai recorrer da sentença do Tribunal da Concorrência e da coima de 2,7 milhões de euros por "abuso de posição dominante".
"A Sport TV vai recorrer desta decisão". Foi a única resposta que fonte oficial deu ao Negócios sobre a sentença do Tribunal, que confirmou a decisão de há um ano da Autoridade da Concorrência de condenação por "abuso de posição dominante". A Sport TV pode voltar a recorrer da decisão, mas desta feita para o Tribunal da Relação de Lisboa.

O Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão condenou a Sport TV por prática de "abuso de posição dominante", apurou esta quarta-feira o Negócios a empresa é condenada a pagar uma coima de 2,7 milhões de euros.

"O Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão confirmou hoje a decisão da Autoridade da Concorrência de condenação da Sport TV por abuso de posição dominante praticado durante mais de seis anos [de 2005 a 2011] no mercado nacional de canais de acesso condicionado com conteúdos desportivos ‘premium’", avançou esta quarta-feira a Autoridade da Concorrência.

Em comunicado emitido através do "site", a Autoridade recorda que a 20 de Junho do ano passado, a Sport TV Portugal foi alvo de uma coima de 3,7 milhões de euros pela Autoridade da Concorrência. "Em 2013, a Autoridade da Concorrência condenou a Sport TV ao pagamento de uma coima de 3,7 milhões de euros, por aplicar um sistema de remuneração discriminatório nos contratos de distribuição dos canais de televisão Sport TV, celebrados entre esta empresa e as empresas operadoras dos serviços de televisão por subscrição".

"Na sentença de hoje", quarta-feira, dia 4 de Junho, lê-se no comunicado da Autoridade, "o Tribunal da Concorrência confirmou que a Sport TV abusou da posição dominante que detém no mercado de canais de acesso condicionado com conteúdos desportivos ‘premium’, em prejuízo da concorrência e dos consumidores, mas reduziu o montante da coima para 2,7 milhões de euros".

A investigação da Concorrência à Sport TV começou em Julho de 2010, recorde-se, após queixa dos operadores de televisão, nomeadamente da Cabovisão. A denúncia da operadora era contra o modelo de remuneração praticado pela Sport TV entre 2005 e 2011.

A investigação da AdC deu então como "provado que a Sport TV, ao longo desse tempo [1 de Janeiro de 2005 a 31 de Março de 2011], aplicou condições discriminatórias relativamente a prestações equivalentes em relação ao fornecimento de serviços idênticos a operadores de televisão por subscrição que concorrem entre si, limitou a produção, a distribuição, o desenvolvimento técnico e o investimento, através da definição e aplicação de um sistema de remuneração do qual resultou o favorecimento de uma das empresas presentes no mercado retalhista de televisão por subscrição, em detrimento das concorrentes desta".

O que se traduzia na exigência de um valor e número mínimo de fidelização de clientes para a disponibilização do serviço, e o que afastava, na prática, os pequenos operadores.

Liga de Futebol congratula-se com decisão do Tribunal
Quem se "congratulou" com a decisão do Tribunal da Concorrência foi a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), de acordo com notícia da agência Lusa. Em reação a esta decisão da justiça, a LPFP espera agora "para breve o fim do monopólio [da Sport TV] dos direitos televisivos".

"O monopólio da Sport TV no mercado dos direitos de transmissões televisivas das competições nacionais configura um atentado à economia de mercado e à livre concorrência e propicia abusos como o que agora é punido", frisou o organismo.

Para a LPFP, "este monopólio é prejudicial aos interesses dos clubes de futebol profissional e francamente lesivo para os cidadãos, por ausência de concorrência".

"A decisão de hoje é mais um passo, determinante e irreversível, no sentido do que defendemos: a liberdade de escolha e o regular funcionamento do mercado. A nossa causa é a sustentabilidade do futebol português", destacou o organismo.

No âmbito desta decisão, a LPFP assegura que continuará a "desenvolver todos os esforços no sentido de que a Lei seja cumprida, libertando os clubes do monopólio, abrindo o mercado à livre e sã concorrência e protegendo os direitos dos consumidores".

Controlinveste Despede 160 funcionários

"DN" é o mais afetado pelos despedimentos na Controlinveste, "O Jogo" é o menos. Profissionais estão a ser chamados um a um durante hoje e amanhã. Dos 160 despedidos, 65 são jornalistas.

O "Diário de Notícias" é o meio de comunicação social da Controlinveste mais afetado pelo programa de despedimentos hoje comunicado. A empresa não revela dados desagregados mas o Expresso sabe que o matutino é aquele onde mais gente será despedida, embora todos os meios sejam afetados. O desportivo "O Jogo" será o que terá menos impacto.
Não será encerrado nenhum título da Controlinveste, que é proprietária dos jornais "Diário de Notícias", "Jornal de Notícias", "O Jogo" e da rádio TSF. O "DN" será o mais afetado por ser, também, aquele que tem resultados mais negativos. João Marcelino, diretor deste diário, já começou esta manhã a falar com os trabalhadores visados no processo de redução de pessoal.
O conselho de administração da Controlinveste explica esta medida com "a evolução negativa do mercado dos media" e com "a acentuada quebra de receitas do sector". Para a empresa, esta é "uma decisão estratégia de redução de custos para garantir a sustentabilidade do negócio".
Desde que a nova administração tomou posse na Controlinveste, saíram já 20 profissionais após negociação. A este número somam-se mais 160 hoje comunicados: 20 deles por rescisão amigável, 140 através de despedimento coletivo. Dos 160 hoje comunicados, 65 são jornalistas e 95 são de funções não redatoriais e de áreas não editoriais do grupo.
No "DN" são cerca de 25 os jornalistas afetados pela restruturação e, na delegação de Lisboa do "JN", outros dez. Aliás, esta estrutura do "JN" deixa cair o título "delegação" e passa apenas a ser a "secção" lisboeta. No Porto, a redação deste jornal deverá perder também mais uma dezena de profissionais.
Era já esperado um programa de rescisões na Controlinveste, mas a notícia caiu hoje como uma bomba nas redações, como pôde testemunhar oExpresso em conversa com vários profissionais da Controlinveste. Além do número em causa, o processo de saber-se a conta-gotas quem será despedido e quem será poupado gera ansiedade. A lista das pessoas a despedir resulta de propostas de diretores e foi discutida pela administração há vários dias. Hoje, os gestores reuniram-se de manhã com os diretores dos órgãos de comunicação social em causa (em Lisboa e no Porto), que por sua vez já se reuniram com chefias intermédias. As 160 pessoas serão chamadas, uma a uma, quase todas durante o dia de hoje, admitindo-se que algumas o sejam apenas amanhã. As cartas de despedimento seguem para as suas casas esta semana.

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